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Indicação de Rui esconde golpe ‘governista’ na militância do PT. Sonho de Caetano para 2014 também foi sepultado
J. Britto –
As plenárias realizadas nesse fim de semana por três importantes correntes internas do PT baiano (EPS, Reencantar e CNB), serviram para referendar as indicações do ex-sindicalista Everaldo Anunciação (ligado ao deputado federal Josias Gomes) à presidência do partido no Estado e do secretário da Casa Civil, Rui Costa (pupilo de Wagner), como pré-candidato ao governo em 2014. De quebra, o resultado desse encontro, ajudou a jogar uma pá de cal nas pretensões do ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, que também cobiçava a indicação do partido para concorrer à sucessão de Wagner.
Caetano, que tinha na EPS (Esquerda Popular e Socialista) a principal base de apoio ao seu nome, agora enxerga muito mais distante a possibilidade de disputar a eleição majoritária, mas deve continuar ‘jogando para a torcida’. Ou seja, sustentando a ideia de que a pré-candidatura ainda é pra valer e continuando seu périplo, pelo menos, até novembro, quando as coisas se definem internamente no PT com as eleições para a direção estadual. Experiente, o ex-prefeito de Camaçari, mesmo sabendo que o único caminho que lhe resta para voltar a exercer um mandato é a disputa por uma vaga na Câmara Federal, quer valorizar ainda mais o seu passe e barganhar uma retirada vantajosa do seu nome.
E os problemas enfrentados por Caetano vão se acumulando. Apesar da notável habilidade e o oportunismo que marcam a sua trajetória política, o ex-prefeito já não consegue esconder o desgaste na relação com o atual prefeito de Camaçari, Ademar Delgado. Mesmo tendo sido eleito com o prestígio e os votos de Caetano, Ademar suspendeu a ‘lua-de-mel’. Já ensaia os primeiros passos de independência e tenta moldar a administração à sua maneira, cortando alguns privilégios da turma “caetanista”. Há quem afirme que o atual prefeito já incorporou firmemente a ideia de que deve trabalhar para fazer um governo de oito anos, o que certamente não agrada nem a Caetano nem à sua esposa Luiza Maia, atualmente deputada estadual, mas sonhando com a prefeitura em 2016.
Voltando ao encontro das tendências petistas e o apoio ao super-secretário Rui Costa, é possível vislumbrar nas entrelinhas de que tudo pode não ter passado de um grande jogo de cena, articulado entre os conhecidos “capas-pretas” dessas organizações em conluio com o atual inquilino do Palácio de Ondina. Uma troca: as três tendências – que representariam cerca de 70% dos convencionais – fecham com Rui Costa para o governo, e, em contrapartida, recebem a benção de Wagner ao candidato escolhido por elas para dirigir o PT. E, assim, o governador tendo conseguido fazer com que o seu “afilhado” seja o pré-candidato petista à sua sucessão, teria caminho livre para negociar a cabeça-de-chapa, mantendo ou não Rui Costa. Tudo a depender das negociações com os partidos da base.
Mas, a decisão de apoio a Rui não encontra respaldo em setores importantes do partido na Bahia, interessaria mais aos objetivos dos partidos da base. Desconhecido do eleitorado e sem o carisma necessário para ser o candidato petista, Rui Costa é o candidato da máquina apenas para vencer as prévias do PT e faz parte da estratégia de Wagner para entregar o governo a Otto Alencar e facilitar uma possível aliança – quem diria! – com ACM Neto e outros expoentes do neo-carlismo. Há quem aposte que o único nome capaz de barrar essa estratégia suicida seria o senador Walter Pinheiro. Confortável em seu mandato de oito anos na Câmara Alta, com interesses e cargos importantes no governo, Pinheiro e a tendência a que pertence – a Democracia Socialista – dificilmente indispor-se-ão com Wagner.
Ao concertar alianças com os inimigos históricos da democracia e do povo baiano, o governo sinaliza que não precisa mais da militância petista para atingir seus objetivos. Os militantes do PT, que oxigenam o debate interno e ainda acreditam serem a força propulsora do partido, que se preparem para mais um duro golpe.
Politicabaiana
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