Da emergência à decadência
Bristol (EUA) - Ao longo dos anos em que tenho escrito para o Direto  da Redação, dois temas têm aparecido com frequência neste espaço: minha  preocupação com o lamentável estado do ensino no Brasil e meu alerta de  que nosso país, no curto período de 40 anos, vem passando da explosão  demográfica para o declínio populacional.
Na última semana escrevi que, a caminho da Hungria, uma rápida  leitura dos jornais (jornais estrangeiros e brasileiros, que acesso pela  internet) me levou a abordar de novo os dois temas – e, especificamente  nos jornais brasileiros, retirei a preciosa informação de que o índice  de fecundidade de nossas mulheres voltou a crescer, mas mesmo assim  apenas para algo em torno de 1,9 - abaixo dos 2,1 necessários para  manter a população estável.
Quer  dizer, melhoramos um pouquinho numa situação inaceitável para  um país que ainda nem sequer atingiu seu pleno desenvolvimento econômico  mas pode cair na armadilha que ameaça as nações pós-industrializadas.  De emergentes estamos a caminho de nos tornarmos decadentes, sem passar  pelo paraíso.
No avião que me conduzia nesta segunda-feira de Budapest a Milão, no  longo caminho de volta a Nova York, com destino final em Bristol, li  também no International Herald Tribune duas ou três matérias que  deveriam interessar ao governo brasileiro: os esforços da China e da  Índia no ensino de ciência, matemática e tecnologia; o interesse da  Índia em convencer grandes instituições de ensino, como Harvard, Yale e  Oxford, a abrirem “campuses” em seu país; a rota que a China vem  seguindo para se tornar líder mundial em energia alternativa. Uma esfera  em que o Brasil chegou a ter a veleidade de dominar.
China e Índia são integrantes do chamado grupo Bric, junto com o  Brasil e a Rússia. Nesta última, que ao longo de  um século vem sendo  destaque mundial no terreno científico, o governo adotou programas de  incentivo para combater o mal que agora pode atingir o Brasil: o  envelhecimento da população.
Entre nós tais assuntos, que deveriam ter destacada prioridade, ficam  sistematicamente em segundo plano e foi para alertar a mulher que em  breve deverá ocupar a nossa presidência, Dilma Rousseff, que escrevi  aqui na semana passada.
Mas um de meus leitores chegou a culpar os “gays” pela queda da  fecundidade da mulher brasileira. Será que quando elas tinham seis ou  sete filhos não havia homossexuais?
Entre as medidas que o governo deveria tomar estão as da área fiscal,  mas também passos para incentivar o retorno da diáspora brasileira -  espalhada pelos Estados Unidos, Europa e Japão, num momento em que a  economia mundial não se mostra muito favorável - e para atrair  estrangeiros qualificados para nosso país, como imigrantes. São eles que  poderão remediar a escassez de profissionais de alto nível,  profissionais brasileiros que nosso precário ensino e nosso declínio  populacional negarão nos próximos anos às nossas empresas..veja mais = wwwcamacarimagazne.blogspot.com
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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