Já são oito vereadores e dois empresários
presos e dois foragidos
Oito vereadores e dois empresários evolvidos em
um esquema de corrupção desmontado pelo Ministério Público estadual no município
de Mucuri estão presos e foram denunciados à Justiça hoje (27) pelos promotores
de Justiça Milena Moreschi e Pablo Antonio de Almeida. Dentre os presos, sete
integrantes da Câmara de Mucuri, todos acusados de receberem propina para
apressar e aprovar votação de projeto de lei que beneficiaria empresa do setor
urbanístico em prejuízo do interesse público, e um vereador de Nova
Viçosa. Também denunciados por participação no esquema, mais um vereador e um
ex-parlamentar de Mucuri encontram-se foragidos.
Desencadeada na última quinta-feira, dia 22, a
‘Operação Caribe’ já cumpriu 10 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no
extremo-sul da Bahia. As provas obtidas durante a sua execução comprovam que o
projeto de lei que beneficiaria a ‘Sociedade Empresária Vescovi e Campos Ltda.’
fora aprovado apressadamente pelos vereadores em duas votações distintas, que
ocorreram num intervalo de menos de quatro dias (15 e 19 de dezembro). Além
disso, documento encontrado na residência do presidente da Câmara, Carlos
Gonçalves de Souza, vulgo “Tazinho”, ratifica a informação de que cada vereador
recebeu previamente à aprovação da lei a quantia de R$ 10 mil. Apenas dois deles
teriam recebido R$ 5 mil, pois haviam escolhido completar os R$ 25 mil acordados
para aprovação total do projeto em lote.
Segundo os promotores de Justiça Milena Moreschi
e Pablo Antonio de Almeida, que desenvolveram a operação com o auxílio dos
promotores Ariomar Figueiredo e Marcos Pontes e de policiais integrantes do
Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de
Investigações Criminais (Gaeco), que é coordenado pela promotora de Justiça
Ediene Lousado, dos nove vereadores que integram a Câmara Municipal de Mucuri,
oito estariam envolvidos no esquema criminoso. Apenas uma vereadora que não se
encontrava na função à época da pactuação da ação criminosa está fora do
esquema, informam eles, lembrando que ela assumiu a vaga de Agripino Botelho
Barreto, que renunciou ao mandato logo após o recebimento da primeira parcela.
Agripino e o vereador Manoel Negino Cruz, que apresentou gravação ambiental da
proposta de corrupção ao MP, encontram-se foragidos. Estão presos o presidente
da Câmara, os vereadores de Mucuri Roberto Alves dos Santos, Gisele Aparecida
Gazzinelli, Márcio Machado, Roberto Bastos, Wilson Cabral, Justina Cruz e os
sócios da empresa ‘Vescovi e Campos Ltda, Wilsom Campos dos Santos (vereador de
Nova Viçosa), Arlei Vescovi e Alan Campos.
Todos os denunciados se envolveram no esquema que
consistia em pagamento pela Vescovi e Campos de quantia individual de R$ 25 mil
para rápida tramitação e aprovação de projeto de lei que daria regularidade ao
empreendimento “Loteamento Caribe”, que estava sendo construído pela empresa sem
autorização dos órgãos públicos em área legalmente inviável. Quatro vereadores
chegaram a confessar que receberam o dinheiro, sendo que todos foram denunciados
por corrupção passiva, os empresários por corrupção ativa (confessaram o
oferecimento de lotes e a contraproposta dos vereadores para pagamento de
propina) e o presidente da Câmara pelos dois crimes, pois, segundo as apurações,
foi ele quem coordenou o esquema, negociando o valor e forma de pagamento da
propina. O vereador Manoel Negino que apresentou a gravação ao MP também foi
denunciado pois, de acordo com os promotores de Justiça, ficou comprovado que
ele omitiu a participação da vereadora Justina Cruz no esquema, manipulando
informações, porque tinha o interesse de formar aliança com ela para “derrubar
os opositores e alcançar promoção política”. Ele não teve o interesse de
promover a moralização do Legislativo local, sinalizam os promotores, destacando
que o interesse do vereador era “malicioso”, para garantir vantagem em relação
aos adversários.
wwwcamacarimagazine.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário