“Amo Platão, mas amo ainda mais a verdade”. Essa frase como que resume Aristóteles (384/323 a.C.), que ao lado de Sócrates e Platão forma a santíssima trindade da filosofia. Platão é citado porque foi professor de Aristóteles por um período que alguns afirmam ser de oito anos e outros esticam até vinte.
O tamanho de Aristóteles pode ser medido pela evidência de que, a despeito de ter como mestre ninguém menos que Platão, deixou uma marca pessoal, extraordinariamente brilhante, indelével. Qual dos dois foi maior é uma questão que jamais encontrou e nem encontrará resposta conclusiva, dada a força superior e original da obra de cada um.
Aristóteles nasceu em Estagira, distante pouco mais de 300 quilômetros de Atenas, para onde se mudou jovem para estudar com Platão. Fundou, depois, sua própria escola. Alcançou tal reputação que Felipe, rei da Macedônia, o designou para ser tutor de seu filho Alexandre, a cujo nome a posteridade acrescentaria “o Grande”. Aristóteles cultivou em seu pupilo um amor à filosofia e às letras que o acompanharia até o fim.
De Aristóteles Alexandre disse que o amava tanto quanto ao pai. Porque do pai recebera a vida e de Aristóteles, ensinamentos sobre como vivê-la bem. Vê-se a influência de Aristóteles no maior conquistador da história no detalhe revelador de que Alexandre, até sua morte e onde quer que estivesse, dormia com sua espada e um exemplar da Ilíada sob seu travesseiro
No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles se detém sobre aspectos para ele essenciais na conduta das pessoas na busca da felicidade. É quanto Aristóteles discorre sobre seu clássico caminho do meio. Ser covarde é tão ruim quanto ser exageradamente arrojado: a coragem está no meio desses extremos.
Ser mesquinho é tão condenável quanto ser perdulário. Só se chega ao caminho do meio, o da virtude, com perseverança. Há que praticar, e praticar, e praticar. “A virtude é uma arte obtida com o treinamento e o hábito”, escreveu ele. “Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes. A virtude, então, não é um ato, mas um hábito”.
Alguns tópicos do homem sábio segundo Aristóteles:
→ Está pronto a servir aos homens, mas se envergonha quando o servem. Fazer um favor é sinal de superioridade, receber um favor é sinal de subordinação.
→ É franco quanto a suas antipatias e preferências: fala e age com franqueza.
→ Não se deixa tomar de admiração, pois nada entre os homens a merece.
→ Nunca tem maldade e sempre esquece as injustiças de que é vítima.
→ Não fala mal dos outros, nem dos inimigos, a menos que seja com eles mesmos.
→ Não é apressado, pois se preocupa com poucas coisas; e nem veemente, pois não acha nada muito importante.
→ Suporta os acidentes da vida com dignidade e graça.
Ninguém encontrou na vida de Aristóteles traços de comportamento que desmentissem a lista acima. Essa é uma das grandes razões pelas quais seus ensinamentos são eternos.
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