sábado, 31 de janeiro de 2015

Governo gastou quase R$ 400 mi com premiações, festas e conferências






















Os eventos promovidos pela União (Executivo, Legislativo e Judiciário) costumam comprometer centenas de milhões do orçamento federal todos os anos. Ano passado, R$ 394 milhões foram gastos com premiações, festividades, homenagens, conferências e exposições. As despesas quase não foram alteradas em relação a 2013, quando R$ 393 milhões foram pagos. O montante desembolsado com esse tipo de atividade do governo federal é superior, por exemplo, ao valor investido no programa “Aviação Civil” (R$ 317,3 milhões), que tem entre os objetivos a construção, reforma e reaparelhamento de aeroportos e aeródromos de interesse regional. O valor também supera os R$ 277,6 milhões aplicados na iniciativa “Cultura: Preservação, Promoção e Acesso”, específico para iniciativas de promoção, fomento e preservação da cultura do país. Se o valor com os “eventos” da União fossem convertidos no Vale Cultura, do Ministério da Cultura, seria possível atender quase 8 milhões de pessoas. O benefício é válido em todo território nacional, no valor de R$ 50,00 mensais. O Vale-Cultura foi criado para beneficiar prioritariamente os trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos em gastos com cultura a exemplo da compra de ingressos de teatro, cinema, museus, espetáculos, shows, circo, CDs, DVDs, livros, revistas e jornais, entre outros. A maior parcela dos gastos foi destinada às conferências, exposições e congressos. Cerca de R$ 275,8 milhões foram desembolsados com esse tipo de despesa em 2014. O Ministério da Educação é o principal responsável por essa categoria: R$ 67,6 milhões foram pagos. Dentre os gastos da Pasta estão R$ 1,5 milhão para contratação da Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (Funcern) para realização do projeto “Teia Nacional da Diversidade”, o encontro nacional dos pontos de cultura realizado em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). O ministério desembolsou outros R$ 600 mil para organização e realização do VII Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação (CONNEPI). O gasto foi realizado por meio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia para troca de experiências e resultados de projetos entre professores, pesquisadores e estudantes da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica com pesquisadores de instituições de ensino, pesquisa e extensão, empresas e indústrias, além de profissionais autônomos. Já o Ministério da Saúde desembolsou R$ 36,6 milhões para as despesas. Dentre os gastos da Saúde estão, por exemplo, R$ 9,1 milhões para atender despesa da “IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica e Saúde da Família”. O evento foi realizado entre os dias 12 e 15 de março do ano passado, em Brasília. O ranking fica completo com as Pastas de Turismo, Relações Exteriores, Presidência da República e Desenvolvimento Agrário. Os órgãos desembolsaram R$ 25,6 milhões, R$ 22,1 milhões, R$ 18,8 milhões e R$ 18,7 milhões, respectivamente. Na conta total, R$ 264,1 milhões foram gastos exatamente com rubricas denominadas “Exposições, Congressos e Conferências”. Outros R$ 10,3 milhões foram destinados “Conferências, Exposições e Espetáculos”. Já os “Congressos e Convenções Internacionais” receberam R$ 10,4 mil. As “Obras de arte e peças para exposição”, por sua vez, custaram R$ 1,3 milhão aos cofres públicos. É festa As festividades e homenagens também tiveram espaço relevante nos gastos do governo federal em 2014. Ao todo, esse tipo de despesa somou R$ 66,1 milhões no exercício passado. Do total, R$ 59,4 milhões foram destinados efetivamente aos eventos. O restante, R$ 6,7 milhões, foram pagos para materiais das festas. O Ministério da Educação também é o “campeão” de gastos nesse quesito. O órgão desembolsou R$ 20 milhões para festividades e homenagens. Entre os eventos que contaram com gastos de festividades e homenagens estão a apresentação teatral na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca da Universidade Federal Rural do Semi-Árido e serviços gráficos, de locação, fornecimento de refeição e contratação de empresa para apresentação de músico do 5º Festival de Música da Universidade Federal de Alagoas. Já o Ministério da Defesa é o segundo órgão mais festeiro da Esplanada: R$ 17,9 milhões foram gastos com festividades e homenagens. Na lista de comemorações, estão serviços de buffet para passagens de comando, aniversário de corporações, despedidas, confraternizações, incluindo as de final de ano, e até alguns serviços para funeral. O Ministério da Cultura, por sua vez, destinou R$ 15,8 milhões a esse tipo de atividade. Os recursos foram destinados, por exemplo, para o concerto anual da Banda Heitor Villa Lobos na Casa do Patrimônio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Pernambuco. Outra utilização da verba foi em serviços de decoração do pátio interno do Museu da Inconfidência para comemorar os 70 anos da instituição. Premiações As premiações fecham a conta desse tipo de despesas do governo federal. A União aumentou em 31% os gastos em 2014. Durante todo o ano, R$ 52,1 milhões foram destinados às premiações.. Em 2013, R$ 39,7 milhões foram empregados nessa rubrica. No orçamento da União, as premiações são divididas em cinco grandes grupos: culturais, desportivas, ambientais, científicas e artísticas. Para as premiações artísticas foram destinados R$ 26,7 milhões. Os prêmios desse tipo têm como objetivo fomentar a criação e difusão de expressões artísticas, além de aperfeiçoar e monitorar os instrumentos de incentivo fiscal à produção e ao consumo cultural. Já na “categoria” cultural, R$ 22,3 milhões foram desembolsados. Na categoria, encontram-se os prêmios para implantar, ampliar, modernizar, recuperar e articular a gestão e o uso de espaços destinados a atividades culturais, esportivas e de lazer, com ênfase em áreas de alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras. O governo federal pagou ainda R$ 540,5 mil em premiações desportivas, R$ 140,5 mil em ambientais e R$ 2,3 milhões em científicas. O Ministério da Cultura é responsável pela quase totalidade dos gastos: R$ 45,2 milhões foram desembolsados para cobrir tais despesas. A Pasta apoia projetos culturais por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313/91), a Lei Rouanet, da Lei do Audiovisual (Lei nº 8.685/93) e também por editais para projetos específicos, lançados periodicamente.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

GRANA : Os convênios do município de SALVADOR/BA

Os convênios do município de SALVADOR/BA que receberam seu último repasse no período de 19/01/2015 a 27/01/2015 estão relacionados abaixo:

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Número Convênio: 595988
Objeto: Ampliacao do sistema de esgotamento sanitario
Órgão Superior: MINISTERIO DAS CIDADES
Convenente: ESTADO DA BAHIA
Valor Total: R$ 75.513.878,13
Data da Última Liberação: 20/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 4.464.999,59

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Número Convênio: 646498
Objeto: APOIO a POLiTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO INFRA ESTRUTURA PAVIMENTACAO DE VIAS EM BARRA DO CHOCA EST BAHIA
Órgão Superior: MINISTERIO DAS CIDADES
Convenente: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO
Valor Total: R$ 1.976.600,00
Data da Última Liberação: 23/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 644.056,08

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Número Convênio: 646535
Objeto: Apoio a Politica Nacional de Desenvolvimento Urbano Infra ESTRUTURA PAVIMENTACAO DE VIAS EM TAPIRAMUTA BAHIA
Órgão Superior: MINISTERIO DAS CIDADES
Convenente: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO
Valor Total: R$ 987.600,00
Data da Última Liberação: 23/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 3.752,85

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Número Convênio: 646539
Objeto: Apoio a Politica Nacional de Desenvolvimento Urbano Infra ESTRUTURA PAVIMENTACAO DE VIAS EM CICERO DANTAS BAHIA
Órgão Superior: MINISTERIO DAS CIDADES
Convenente: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO
Valor Total: R$ 1.482.100,00
Data da Última Liberação: 23/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 45.648,66

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Número Convênio: 779711
Objeto: Aquisicao de Tratores com Implementos Agricolas para diversos Territorios de Identidade do Estado da Bahia.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 950.373,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 950.373,00

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Número Convênio: 782298
Objeto: Aquisicao de veiculos, equipamentos e utensilios para diversos Territorios de Identidade do Estado da Bahia.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 285.539,55
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 285.539,55

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Número Convênio: 796628
Objeto: Aquisicao de patrulha mecanizada.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: SECRETARIA DA AGRICULTURA IRRIGACAO E REFORMA AGRARIA
Valor Total: R$ 700.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 700.000,00

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Número Convênio: 794272
Objeto: Aquisicao de patrulha mecanizada.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: SECRETARIA DA AGRICULTURA IRRIGACAO E REFORMA AGRARIA
Valor Total: R$ 1.000.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 1.000.000,00

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Número Convênio: 794277
Objeto: Aquisicao de tratores com implementos agricolas .
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 1.124.100,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 1.124.100,00

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Número Convênio: 790869
Objeto: Aquisicao de Tratores com Implementos Agricolas para diversos Territorios de Identidade do Estado da Bahia.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 2.981.853,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 2.981.853,00

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Número Convênio: 790895
Objeto: Aquisicao de Tratores com Implementos Agricolas para atender ao Territorio do Vale do Jiquirica do Estado da Bahia.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 1.800.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 1.800.000,00

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Número Convênio: 791434
Objeto: Aquisicao de maquinas agricolas e outros diversos veiculos para os Territorios de Identidade no Estado da Bahia;
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 4.000.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 4.000.000,00

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Número Convênio: 792046
Objeto: Aquisicao de maquinas e equipamentos para manutencao e/ou recuperacao estradas vicinais.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 2.782.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 2.782.000,00

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Número Convênio: 792358
Objeto: Aquisicao de Tratores Agricolas com Implementos Agricolas para diversos Territorios de Identidade no Estado da Bahia
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 2.500.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 2.500.000,00

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Número Convênio: 792545
Objeto: Aquisicao de Veiculo para atender ao Territorio de Identidade Vitoria da Conquista - Estado da Bahia.
Órgão Superior: MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO
Convenente: COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E ACAO REGIONAL-CAR
Valor Total: R$ 100.000,00
Data da Última Liberação: 22/01/2015
Valor da Última Liberação: R$ 100.000,00

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

BOKO HARAM SE TORNA PODEROSO NO MUNDO !








boko haram
Publicado na BBC Brasil.
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O grupo militante islâmico Boko Haram está travando hoje uma das campanhas mais mortíferas de insurgência na África.
Eles capturaram uma grande porção de território na Nigéria e também realizaram ataques no vizinho Camarões.
Autoridades estimam que cerca de três milhões de pessoas são afetadas pela crise humanitária causada pela insurgência na região nordeste da Nigéria.
A força do grupo rebelde em um dos países mais populosos do continente, sua capacidade de ação e influência na região levantam várias dúvidas – que a BBC responde abaixo no formato perguntas e respostas:

Por que os militantes são tão letais?

O grupo seria dividido em várias facções que operam de forma autônoma pelas regiões norte e central da Nigéria.
O centro de estudos Grupo de Crise Internacional (IGC na sigla em inglês) estima que sejam seis facções ao todo. A mais organizada e impiedosa opera no Estado de Borno, onde o Boko Haram capturou grandes faixas de território.
A estratégia usada pela milícia é enviar centenas de combatentes comuns para uma cidade ou vilarejo. Eles com frequência conseguem superar numericamente as mal supridas forças do Exército nigeriano, que acabam se retirando.
Em seguida, combatentes mais experientes do Boko Haram conquistam o território.
A ofensiva atual dos militantes islâmicos marca uma mudança radical no cenário do país. Logo depois do Boko Haram lançar sua revolta em 2009, as forças de segurança nigerianas declararam ter vencido o grupo após matar milhares de seus membros – incluindo seu fundador – em uma operação na cidade de Maiduguri.
Alguns sobreviventes escaparam para a Argélia, para o Sudão e possivelmente para o Afeganistão, onde receberam treinamento militar.
Atualmente, a brutalidade na forma de operar do grupo está crescendo. Com isso, eles perderem apoio, segundo analistas, de muitos muçulmanos do país – que os viam como uma alternativa à elite corrupta.

Como eles recrutam seus militantes?

Cada vez mais por conscrição – os moradores das vilas são forçados a aderir em massa ao grupo sob ameaça de serem assassinados. Eles também contratam criminosos “pagando-os por ataques, às vezes com uma parte das riquezas pilhadas”, segundo o IGC.
Os laços étnicos são muito fortes na Nigéria. A maioria dos combatentes do Boko Haram são kanuri – a etnia do líder do grupo, Abubuakar Shekau. Isso sugere que ele goza de influência sobre líderes tradicionais do nordeste do país.
A quantidade total de combatentes do Boko Haram não é clara. O analista de segurança e finanças britânico Tom Keatinge estima que sejam mais de 9 mil.

De onde vem o dinheiro que financia o Boko Haram?

Quando o grupo invade cidades normalmente saqueia seus bancos. Em 2012, autoridades militares da Nigéria acusaram o Boko Haram de extorquir dinheiro de empresários, políticos e figuras do governo. Eles os ameaçavam de sequestro se não pagassem as quantias exigidas.
Autoridades americanas estimam que os militantes recebem até US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões) pela libertação de um milionário nigeriano, segundo Keatinge.
Mas quando a vítima é estrangeira, a quantia obtida pode ser muito maior: o Boko Haram recebeu US$ 3 milhões (R$ 7,7 milhões) de resgate para libertar uma família francesa de sete pessoas capturadas no norte de Camarões em fevereiro de 2013, de acordo com um documento da Nigéria obtido na época pela agência de notícias Reuters.
Com essas fontes de financiamento, Keatinge estima que os rendimentos anuais da rede do Boko Haram cheguem a US$ 10 milhões. O pesquisador nigeriano Kyari Mohammed diz acreditar que o grupo esteja realizando uma rebelião de baixo custo por usar principalmente jovens de áreas rurais.

Como o grupo obtém armamentos?

O Boko Haram invadiu muitas delegacias de polícia e bases militares na Nigéria, obtendo assim um bom arsenal – incluindo blindados de transporte de tropas, caminhonetes, lança-rojões e fuzis de assalto.
Além disso, o grupo mantém fortes laços com contrabandistas de armamentos que operam na vasta região do Sahel (faixa de aproximadamente 600 quilômetros de largura e 5,5 mil quilômetros de extensão, que corta o norte da África, logo abaixo do deserto do Saara e acima da savana do Sudão), segundo o ICG.
Muitas dessas armas teriam sido contrabandeadas da Líbia, onde arsenais foram saqueados durante a revolta que levou à queda do coronel Muamar Khadafi em 2011.
Porém, boa parte das bombas usadas pelos militantes islâmicos são improvisadas, construídas com materiais baratos e de acesso relativamente fácil, segundo o IGC.
Seus especialistas em explosivos, segundo o analista de segurança nigeriano Bawa Abdullahi Wase, são universitários recém-formados que não conseguiram empregos.
Além disso, recentemente o grupo saqueou fábricas de cimento em busca de dinamite e artefatos explosivos.
O governo declarou estado de emergência em 2013 em três Estados nortistas mais afetados pela campanha insurgente. As forças do governo também armaram grupos de vigilantes, que operam em regiões remotas onde a presença militar é mínima.
O Boko Haram foi empurrado de Maidaguri e vilarejos vizinhos para a vasta região das florestas de Sambisa, ao longo da fronteira com Camarões. Mas os militantes responderam com uma nova ofensiva que deu a eles o controle de um território de dimensões equivalentes à da Bélgica.
Se o Boko Haram tiver sucesso em suas ambições territoriais – conquistando cidades no Níger, no Chad e em Camarões, como ameaçou seu líder – o conflito pode tomar uma dimensão internacional.
A França pode por exemplo se envolver mais diretamente no conflito para proteger suas ex-colônias.
Até agora Camarões tem tido relativo sucesso em repelir os ataques do Boko Haram, apesar de ter um Exército muito menor que o da Nigéria, que vem sendo criticada por não usar bem sua vantagem numérica.

O Boko Haram é ligado ao ‘Estado Islâmico’?

Shekau, o líder do Boko Haram, se referiu ao líder do autodeclarado “Estado Islâmico”, Abu Bakr al-Baghdadi, em um vídeo no ano passado como “califa”. Ele também elogiou Ayman al-Zawahiri, liderança da rede extremista Al-Qaeda – que disputa com o “Estado Islâmico” a lealdade dos jihadistas ao redor do mundo.
Porém, Shekau não jurou aliança a nenhum dos dois grupos.
Ele costuma elaborar suas mensagens nas línguas hausa, árabe e kanuri, mas em seu mais recente vídeo – no qual elogia os ataques contra a revista satírica Charlie Hebdo em Paris – o discurso foi feito totalmente em árabe, o que leva analistas a acreditar que o grupo nigeriano esteja buscando ter um apelo mais internacional.
Laços fortes com grupos jihadistas globais dariam um ímpeto maior à campanha do Boko Haram.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Guerra monetária europeia atropela Plano Levy

Por Cesar Fonseca em 21/01/2015

no site Independência Sul Americana

Mario Draghi atropela Plano Levy
JOAQUIM LEVY VAI TER A CORAGEM DE GUIDO MANTEGA DE DENUNCIAR GUERRA MONETÁRIA DESENCADEADA PELO BANCO CENTRAL EUROPEU OU VAI SE CONFORMAR COM O CHUMBO GROSSO QUE VEM POR AÍ, COMO ANUNCIA OS PRÓPRIOS BANQUEIROS, COMO O PRESIDENTE DO ITAÚ, ROBERTO SETÚBAL? Mario Draghi atropela Plano Levy. O Encontro de Davos é uma ducha de água fria para as economias emergentes sul-americanas e, especialmente, brasileira. Os juros internos terão que subir porque vem por aí guerra monetária que provocará enchente inflacionária. Enxugar a dinheirama especulativa de fora para dentro é o grande perigo para o povo brasileiro. A moeda nacional sofrerá pressão, tornando a produção brasileira mais cara do que a dos concorrentes no ambiente de grande disputa comercial, acelerada pela crise global, cujos efeitos estão aí, mesmo, sinalizando desastres – paralisia, desemprego, tensão social etc. A grane mídia nacional, serviçal dos banqueiros, não vai fundo no assunto, preferindo tentar encontrar pêlo em ovo, ou seja, não perceber que as pressões inflacionárias em marcha são produzidas não internamente, mas pelos fatores externos, pela crise dos ricos, que tomam decisões, exportando seus pepinos para os outros. O perigo agora é a decisão de Mario Draghi, que concentra as atenções em Davos. Levy vai ter a coragem de peitá-lo?

O Plano

Levy não

kkkkkkkkk
Tombini se prepara para responder a Mario Draghi: puxar ainda mais a taxa de juro no Brasil que afetar fortemente as forças produtivas em nome do combate à inflação. Pode ser tiro nágua. A dívida vai subir fortemente e o real sobrevalorizar-se. O resultado já viu: depressão econômica mais acelerada no ritmo do ajuste economicida de Joaquim Levy.

O grande debate em Davos deverá ser a decisão do Banco Central Europeu de encharcar a praça capitalista global com uma injeção de 500 bilhões de euros, ao mesmo tempo em que as taxas de juros, na Europa, ficarão na casa dos zero ou negativa, impondo, aos aplicadores nos títulos emitidos pelo BC, eutanásia do rentista.

Atolada em crise deflacionária, a União Europeia, rachada, politicamente, parte para a mesma jogada adotada pelo Banco Central dos Estados Unidos: expansão monetária, que, para a periferia capitalista, como a praça brasileira, significa guerra monetária, cujas consequências serão enchentes inflacionárias.

Os detentores de títulos europeus, assim como aconteceu com os detentores de títulos americanos, durante a expansão monetária adotada pelo FED, buscarão juros positivos fora da Europa, dos Estados Unidos e do Japão, as três praças capitalistas poderosas que adotam as mesmas providências contra a ameaça de deflação.

Chegando no Brasil, onde é livre a circulação de capital especulativo, sem nenhuma regulamentação efetiva, dado que o BC brasileiro vai na onda dos banqueiros internacionais, devido à dependência brasileira de poupança externa para financiar seus déficits em conta corrente do balanço de pagamentos, esse dinheiro quente, fugindo da eutanásia do rentista, encharca a base monetária, sinalizando inflação explosiva.

O BC de Tombini, então, corre, puxando o juro para evitar a enxurrada.

tem bala

na agulha

kkkkkkkkkkkkkkk
Setubal, o toto poderoso do Banco Itau, de Davos, avisa: vem passaralho por ai, grosso e rombudo, detonada pela expansão monetária decretada pelo Banco Central Europeu, para tentar salvar a Europa da deflação. Deflação por lá que vira inflação por aqui, sob ajuste de Levy, que eleva juro e joga a produção e o consumo no chão.

A tradução dessa providência tombiniana, de estar sempre correndo atrás do prejuízo, enxugando gelo, é, em primeiríssimo lugar, sobrevalorização do real; em segundo, aumento da dívida; e, terceiro, aumento do risco, dado por essa expansão do endividamento inflacionário-monetário, que, outra vez, eleva o juro, intensificando círculo vicioso.

O resultado final dessa guerra monetária à vista, detonada pelo Banco Central Europeu, é aumento geral dos custos internos.

Pressão inflacionária irresistível somada à dificuldade do setor produtivo em cumprir a promessa – vazia – que o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, senador Armando Monteiro Netto(PTB-PE), anda fazendo de aumentar as exportações, como compensação(?) pelo aumento das restrições internas decorrentes do ajuste fiscal de Joaquim Levy.

O real sobrevalorizado pela segunda guerra monetária – a primeira foi detonada pelos americanos; a segunda, agora, pelos europeus – coloca as exportações brasileiras na geladeira.

Tudo fica, ainda, mais difícil, sabendo que a China, grande receptora das exportações brasileiras, especialmente, de commodities, impõe redução do nível de atividades, porque os mercados, para as exportações chinesas, na Europa, nos Estados Unidos e, também, na América do Sul, estão, igualmente, em retração, no compasso da crise global, que, como reconhece Delfim Netto, continua em cena, provocando destroços gerais nas forças produtivas globais.

Como os industriais paulistas, que, alienadamente, pregaram choque fiscal, como saída ideal, para ajustar a economia, irão exportar, se a guerra monetária decretada por Mario Draghi, empurra euro nas fronteiras brasileiras, obrigando Tombini a puxar mais e mais os juros, sobrevalorizando, artificialmente, o real?

para enfrentar

a guerra monetária

kkkkkkkkkkkkkkk
Mais feliz do que nunca o presidente do Bradesco, Mr. Trabuco: seu comandado, no Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, faz o jogo dos banqueiros. Aumentarão as taxas de lucro dos bancos e a “credibilidade” dos mercados, no Brasil, está de volta. O juro no longo prazo sinaliza queda, mas o de curto prazo está em alta. Como no longo prazo, todos estaremos mortos, o bom, mesmo, é que, no curto, venham os lucros  em grande cavalgada levyana.

Vão, logo, logo, sentir saudades de Guido Mantega…

Se a guerra monetária europeia bloquear a possibilidade de avanço das exportações, algo tão certo como dois mais dois são quatro, e a dívida continuar se expandindo, por conta do juro alto, para conter pressão inflacionária de fora para dentro, Joaquim Levy sofrerá maiores pressões dos credores para cortar gastos.

Economicídio expresso no draconiano ajuste fiscal.

Como será possível, salvo por meio de depressão econômica, promover ajuste, no ambiente de deterioração externa, sendo transferida para o cenário interno, por nova guerra monetária?

Nem os banqueiros estão se entendendo.

O presidente do Bradesco, Trabuco, com ares de santidade, diz uma coisa, e o presidente do Itaú, Setubal, diz outra, completamente, diferente.

Trabuco vê – talvez, somente, ele está vendo – retorno da credibilidade na economia brasileira com a implementação do Plano Levy, enquanto Setúbal, participando do encontro de Davos, alerta que vem chumbo mais grosso ainda sobre a economia brasileira, em decorrência das decisões do Banco Central Europeu, de acelerar expansão – guerra – monetária, para tentar salvar a Europa da deflação.

praticada pelas

potências imperialistas

kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vai ser atropelada peloa guerra monetária detonada por Mario Draghi. A contagem regressiva começou para ele.

Quem está falando a verdade?

Talvez, os dois banqueiros: Trabuco sente que o ajuste fiscal é bom para os bancos, interpretando essa bonança como produto do arrocho fiscal, que só favorece o especulador financeiro, no caso, ele, Trabuco, pois o Bradesco vai ter sua lucratividade bem mais gorda, com o aumento previsível do juro interno, a ser, provavelmente, anunciado hoje por Tombini, para enfrentar a inflação – guerra monetária etc.

Já Setúbal alerta para mais providências drásticas, que, claro, significa o mesmo que Trabuco está falando, ou seja, juro alto, também, bombeador dos lucros imediatos do Itaú.

O perigo é matar a economia, as forças produtivas: se isso acontece, no ambiente em que acirra guerra monetária global, os bancos, também, correrão perigo.

O fato é que as grandes potências – Estados Unidos, Europa e Japão – acossadas pelo mesmo problema, tendência deflacionária do capitalismo na sua fase ultra-financeira especulativa, partiram para nova guerra monetária.

Guerra monetária europeia contra guerra monetária americana.

Tudo para tentar salvar as forças produtivas, na Europa, no espaço global que está ficando pequeno para todos os competidores.

Guerra, minha gente.

Se, com menor competitividade, por conta dessa guerra de moedas, a indústria nacional terá mais dificuldade para entrar nas praças ricas, dada a sobrevalorização artificial do câmbio, o perigo se amplia, também, para o agronegócio, sabendo que a China se volta para dentro, nesse ambiente monetário global conflagrado.

Sobraria, como solução, o mercado interno brasileiro, que foi a salvação nos últimos anos.

Mas, nesse momento, o Plano Levy cuida de destruí-lo, para engordar lucro

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Por que a desigualdade prejudica também os ricos

desigualdade
Publicado na BBC Brasil.
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POR ROBERTO PESTON

“Poderíamos ter desenvolvido uma vacina para o ebola anos atrás se tivéssemos direcionado recursos para a pesquisa apropriada da doença”.
Ouvi essa frase, há alguns dias, de um cientista respeitado ─ na verdade, uma das maiores autoridades mundiais em saúde pública.
Então por que até hoje a cura para uma doença que já matou quase 10 mil pessoas apenas na África Ocidental ainda não foi descoberta?
A resposta é simples: a pesquisa não aconteceu porque o ebola foi considerado, por um longo tempo, uma doença exclusiva dos pobres – em particular da África. Sendo assim, os gigantes farmacêuticos não tinham interesse em produzir medicamentos que não lhes trariam dinheiro.
Hoje o ebola é uma ameaça global ─ e, portanto, há uma corrida maluca para encontrar algum tratamento efetivo para a doença.
O que a tragédia evitável do ebola mostra é que, em um mundo globalizado, os interesses dos ricos e pobres são muitas vezes os mesmos ─ embora seja difícil para as empresas reconhecer essa reciprocidade de interesses quando há pressão por lucros em curto prazo.
Essa solidariedade entre aqueles com pouco e aqueles com muito também se esvai quando os governos são pressionados pelos eleitores para utilizar o dinheiro dos impostos apenas em prol da saúde doméstica.

Talvez o ponto mais importante é que, quando as decisões sobre quem fica com o que ou como os fundos de investimento são alocados cabem ao mercado, o resultado parece beneficiar apenas os ricos, mas a consequência dessa ação pode acabar prejudicando ricos e pobres.
Este é um forte argumento sobre por que o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, em termos de riqueza e renda, é ruim para todo mundo ─ inclusive para os super-ricos, a não ser que eles queiram viver para sempre enclausurados em seus bunkers lindamente decorados.

Livre mercado?

O ponto é que o funcionamento dos mercados, em nosso mundo globalizado moderno, tanto leva à extrema concentração de riqueza quanto a resultados cada vez mais irracionais no que se refere à alocação de fundos para combater ameaças ou promover bens públicos.
Essa é uma das razões pelas quais tanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) quanto políticos de esquerda e de direita não vêm mais encarando com leveza o aumento do abismo entre ricos e pobres como um mal talvez custoso, mas necessário “para promover o crescimento”.
Trata-se, na verdade, de como um século de estreitamento das desigualdades agora parece dar sinais de marcha à ré.
Para ser mais claro: na segunda-feira, a ONG britânica Oxfam divulgou um estudo prevendo que, em 2016, os 1% mais ricos terão mais dinheiro do que os 99% dos demais habitantes do planeta. A estimativa não me parece de todo implausível.
Um relatório recentemente divulgado pelo banco Credit Suisse revelou que, em 2014, 0,7% das pessoas do mundo com ativos de mais de US$ 1 milhão (R$ 2,65 milhões) controlavam 44% de toda a riqueza mundial.

E uma importante pesquisa conduzida pelos professores Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos) e da LSE (Inglaterra) mostrou que os 0,1% americanos mais ricos ─ ou 160 mil famílias, com patrimônio médio de cerca de US$ 73 milhões (R$ 194 milhões) cada ─ detêm mais de um quinto de toda a riqueza do país, ou o mesmo montante controlado pelos 90% dos americanos mais pobres.
Existem todos os tipos de razões pelas quais tais aumentos na desigualdade são preocupantes, e não apenas para aqueles que estão na base da renda e da pirâmide de riqueza.
Uma delas é que pessoas de ambição com rendimentos mais baixos são incentivadas a assumir grandes dívidas para sustentar seus padrões de vida ─ o que agrava a tendência de altos e baixos da economia.
Outra é que os pobres gastam mais do que os ricos de forma agregada e, portanto, o crescimento tende a ser mais rápido quando a renda é distribuída mais uniformemente.
Então o discurso do Estado da União de Obama, o qual se espera que contenha uma proposta para a tributação dos mais ricos, talvez deva ser visto como uma tentativa tardia de promover a estabilidade econômica e social que beneficiará ainda mais os ricos ─ mas que será muito provavelmente barrada pelo Congresso, hoje de maioria republicana.
E o mais impressionante é a crescente percepção, inclusive por parte dos super-ricos, de que já não é tão simples argumentar que a “igualdade de oportunidades” é tudo o que importa.
Ou melhor, não pode haver igualdade de oportunidades em um mundo onde existe um tipo de desigualdade que não temos visto desde as primeiras décadas do século passado.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Vamos importar do Nordeste uma solução para a falta de água em São Paulo



cisterna


Atualmente os paulistas convivem com uma estranha e desconfortável situação. As tão esperadas chuvas de verão vieram, mas à custa de ruas alagadas, semáforos quebrados e centenas de árvores derrubadas, principalmente na região metropolitana da capital. Os mananciais, entretanto, continuam com seus estoques de água abaixo das cotas mais confortáveis para o abastecimento. Os níveis dos sistemas Cantareira e Alto Tietê, no máximo, estancaram as quedas no volume de água.
Pela primeira vez o governador Geraldo Alckmin admitiu, nesta semana, que São Paulo vive um racionamento de água desde o ano passado. Já o novo presidente da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, em sua posse no início de janeiro, reconheceu que a coisa está feia: “Seria irresponsabilidade, no quadro em que a gente está hoje, olhar para frente com otimismo. Temos que estar preparados para o pior”. E emendou: “Inescapavelmente teremos algum tipo de sofrimento pela população”.
Se não é possível contar com os governantes para ter água em casa está na hora do cidadão se virar como pode. Uma solução – ou um paliativo eficiente e de baixo custo para a crise hídrica – pode estar em uma velha conhecida do povo nordestino, calejado com os longos períodos de estiagem que castigam a região do semiárido: a cisterna.
Nada mais é que um reservatório domiciliar que capta e armazena as águas das chuvas. Nas cidades do sertão nordestino castigadas pela falta das chuvas elas são a salvação da lavoura para o abastecimento diário de muitas famílias.
Tanto que, em tempos de mudanças climáticas, outras regiões já estão adotando o uso de grandes cisternas coletivas. É o caso de Mato Grosso, Bahia e do norte de Minas Gerais.
O governo federal também tem financiado a construção de reservatórios por meio do programa “Água para todos”, do Ministério da Integração Social.
O balanço dá conta de que no período entre 2011 e 2014 mais de R$ 6 bilhões foram investidos na instalação de cerca de 750 mil cisternas em 1 200 municípios do Norte e Nordeste. Nada menos que cinco milhões de pessoas foram beneficiadas.
Imagine quanta água poderia ser aproveitada nas residências do Sudeste com as chuvas que estão desabando sobre a região nas últimas semanas e não conseguem encher os mananciais?
Na capital paulista existe um grupo independente cuja missão é difundir a ideia de recolher, tratar e utilizar as águas que caem do céu: o Movimento Cisterna Já. Ele foi criado por ativistas preocupados em disseminar ações sustentáveis e humanizadoras entre os moradores das grandes cidades.
Montar e instalar minicisternas residenciais não requer muito dinheiro, nem tampouco habilidade para quem já é iniciado em pequenos consertos domésticos. Nem ao menos ocupa espaço no quintal ou na área de serviço. Para começar, são necessários itens simples encontrados em qualquer casa de material de construção: bombonas de plástico, tubos de PVC, peneiras, filtros, torneiras e um punhado de cloro.
Com tudo instalado em casa, a água das chuvas recolhida pelo equipamento – diretamente das calhas do telhado – servirá para fazer a faxina geral domiciliar, lavar o carro, dar descarga no vaso sanitário e também para molhar as plantas.
Todas estas tarefas representam a metade do que é gasto de água mensalmente em uma residência. A água das chuvas captada só não é recomendada para beber, mesmo com a adição de cloro e com os filtros.
O site do Movimento Cisterna Já disponibiliza um manual de montagem e instalação de minicisternas residenciais. Elaborado pelo engenheiro Edson Urbano, o passo a passo é detalhado e fácil de entender.
A página também indica onde encontrar bombonas à venda em São Paulo, traz reportagens e uma galeria de vídeos. O Cisterna Já também ministra oficinas, cursos e mutirões para quem quer aprender a instalar os reservatórios de captação de água pluvial na capital paulista. As datas dos próximos eventos são atualizadas no site do movimento.

cisterna - esquema

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quem é Jokowi, o presidente da Indosésia que recusou o pedido de clemência de Dilma











Do cientista social Sergio Abraches, no blog de Matheus Leitão:
Joko Widodo, conhecido em todo o mundo como Jokowi, que deixou sem resposta por uma semana o telefonema da presidente Dilma Rousseff para, ao final, negar-se a assinar o ato de clemência que livraria dois brasileiros, Marco Archer e Rodrigo Gularte, do fuzilamento por traficarem drogas, é apenas o segundo presidente a ser eleito pelo voto direto na Indonésia.
Escolhido após uma campanha duríssima e polarizada, descrita por um analista político como a “guerra nas estrelas da Indonésia”, foi recebido por expectativas que dificilmente será capaz de satisfazer.
Não pertence à oligarquia dominante do país, acostumada a mandar, com ou sem democracia. Vem de uma carreira muito popular na política local e estadual. Sua coalizão é minoritária no parlamento, com apenas 37% das cadeiras, e sua tendência é apoiar-se no apelo popular para compensar a fragilidade política de seu governo.
Os desafios são imensos, a democracia é nova e frágil, a corrupção é endêmica, a economia está em crise, tem uma megapopulação espalhada por 8300 ilhas, extremamente vulnerável a eventos climáticos e naturais extremos, vive permanente ameaça de radicalização islâmica e confrontos com minorias étnicas e religiosas muito importantes.
Em Papua o movimento separatista ainda persiste. Ele diz que está disposto a trabalhar com todos os partidos, mas a polarização radicalizada da campanha torna quase impossível obter a cooperação dos seus adversários. É comparado a Obama, por vir de fora da elite política, pelo voluntarismo e pela simpatia pessoal e habilidade motivacional.
Mas como o próprio Obama descobriu, simpatia, habilidade motivacional e popularidade não são recursos suficientes para realizar as expectativas inflacionadas pelas promessas de campanha e pela esperança nascida da vitória de alguém que não faz parte do “sistema”.
(…)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Rússia proíbe transexuais e travestis de tirar carteira de motorista

     

O governo elencou inúmeros 'transtornos mentais' que justificam a proibição de dirigir, supostamente para diminuir o número de acidentes de trânsito.


  
Marco Fieber (recortada), flickr.
O fetichismo, exibicionismo e voyeurismo, bem como o vício “patológico” em jogo e a cleptomania, também são enumerados na legislação recentemente aprovada e que já está a merecer o repúdio por parte de organizações de defesa dos direitos humanos.

A Associação dos Advogados Russos pelos Direitos Humanos considera a nova lei “discriminatória”, garantindo que exigirá esclarecimentos do Tribunal Constitucional e procurará o apoio de organizações internacionais.

Já a representante da associação norte-americana Human Rights First, Shawn Gaylord, sublinhou que “proibir as pessoas de conduzirem os seus carros com base na sua identidade de género ou expressão é ridículo e constitui apenas mais um exemplo da intolerância metódica do regime russo no que respeita aos direitos humanos básicos dos seus cidadãos".

O anúncio da medida não surpreendeu grande parte dos ativistas LGBT, na medida em que, em 2013, a Rússia ilegalizou a promoção de “estilos de vida não tradicionais”, incluindo as relações entre pessoas do mesmo sexo.

CAMPANHA : Joko Widodo para Presidente do Brasil !


" CAMPANHA: Eu quero Joko Widodo o atual Presidente da Indonésia,para PRESIDENTE DO BRASIL 2018,o homenzinho mandou avisar aos brasileiros que em apenas  dois anos ( olhem os dedos)  ele acaba definitivamente com o TRÁFICO DE DROGAS   e os CORRUPTOS no brasil. ESSE É O CARA"
wwwcamacarimagazine.blogspot.com

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

União gasta R$ 2,5 bi com limpeza e conservação

























Dyelle Menezes
 faxina ética no governo federal não tem preço estimado. No entanto, o custo para limpar a sujeira dos órgão públicos brasileiros é alto. A União (Executivo, Legislativo e Judiciário) gastou R$ 2,5 bilhões com serviços e materiais de limpeza e conservação no ano passado. O montante equivale ao pagamento de salário mínimo (R$ 788,00) de quase 3,2 milhões de empregados domésticos. O montante desembolsado em 2014 foi R$ 200 milhões – ou 10% – maior do que os R$ 2,3 bilhões pagos em 2013. A maior parcela dos recursos foi destinada para a contratação de empresas especialistas no setor: R$ 2,4 bilhões. Já a compra de materiais para limpeza e produtos de higienização somou R$ 124 milhões. O principal responsável pelos gastos com limpeza a nível federal é o Ministério da Educação (MEC). Ao todo, os espaços sob gerência da Pasta custaram R$ 887,6 milhões com essa natureza de dispêndios em 2014. O ministério é responsável pela limpeza de 666 unidades gestoras. Os gastos da Pasta incluem, por exemplo, a Fundação Universidade de Brasília (R$ 39,5 milhões) e a Universidade Federal de Rio de Janeiro (R$ 38,4 milhões). As unidades executoras do MEC abarcam desde universidades a institutos federais, centros culturais e complexos hospitalares pelo país. O Ministério da Defesa (MD), por sua vez, foi o responsável pelos gastos de R$ 360,1 milhões no ano passado. A Pasta tem uma quantidade ainda mais significativa de unidades gestoras sob comando: 1029. O Grupamento de Apoio da Saúde do órgão é o que mais gasta dentre as unidades, R$ 19 milhões. O Hospital das Forças Armadas (HFA), localizado em Brasília-DF, apresentou gastos de R$ 15 milhões com materiais de limpeza neste ano. Os gastos do ministério incluem os comandos militares e os distritos navais. Os valores destinados para materiais de limpeza e conservação da Defesa, para além das estruturas em terra, também são utilizados para higienização das embarcações da Marinha. O ranking fica completo com os ministérios da Saúde, da Fazenda e da Previdência Social. As Pastas destinaram R$ 184,7 milhões, R$ 104,9 milhões e R$ 99,5 milhões, respectivamente para serviços e materiais de limpeza e conservação. Legislativo O Congresso Nacional também desembolsa recursos para limpeza das galerias, dos gabinetes e até mesmo dos apartamentos funcionais das Casas. O Senado Federal destinou R$ 21,8 milhões para limpeza e conservação das suas dependências. Já a Câmara dos Deputados destinou R$ 31,6 milhões para esse tipo de despesa. Judiciário Juntos, os órgãos do Judiciário desembolsaram R$ 288,1 milhões para deixar suas unidades limpas e higienizadas. A Justiça Federal é a que mais paga esse tipo de serviço. Cerca de R$ 108,8 milhões foram destinados para as despesas. O valor inclui os gastos de 33 unidades gestoras, como Tribunais Regionais Federais e Justiças Federais de Primeiro Grau em quase todos os estados. Dentre as Cortes Superiores, o Tribbunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) é o mais “limpo”: R$ 14,1 milhões foram pagos em 2014. O Tribunal Superior eleitoral desembolsou R$ 5,7 milhões para os serviços. O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior do Trabalho tiveram dispêndios de R$ 4,1 milhões e R$ 4,7 milhões, respectivamente. O Superior Tribunal de Justiça pagou R$ 908,9 mil para as despesas. Empresas As administrações públicas contratam empresas privadas especializadas para realizar o serviço. No ranking das empresas contratadas, a Planalto Service Ltda foi a que mais recebeu recursos federais para a execução dos serviços. Ela, que presta serviços para órgãos das três esferas do Poder, recebeu em 2014 cerca de R$ 70,5 milhões. A segunda empresa de vigilância que mais recebeu recursos governamentais para despesas com limpeza e conservação foi a Liderança – Limpeza e Conservação Ltda, com receitas que chegaram a aproximadamente R$ 62,9 milhões no ano passado. A empresa possui contratos, por exemplo, com o Ministério da Educação e com a Justiça Federal. Outras empresas de limpeza que mais têm recebido com o serviço são a Nova Rio Serviços Gerais Ltda, Qualitecnica Empresa Nacional de Serviços Ltda e Plansul – Planejamento e Consultoria Ltda, com receitas de R$ 56,9 milhões, R$ 56,8 milhões e R$ 53,8 milhões, respectivamente. Ao todo, 11.094 pessoas físicas e jurídicas compõem os gastos com esse tipo de mão de obra terceirizada pela União, das quais 415 receberam individualmente mais de R$ 1 milhão, o que representa 84% dos dispêndios de 2014. -

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A marcha em Paris e os oportunistas

     

Sacralizar um jornal satírico que dirige ataques a vítimas da islamofobia é tão tolo quanto justificar os atos de terror contra a publicação.


Altamiro Borges - altamiroborges.blogspot.com.br
Paula Kirman / Flickr
O atentado à sede do jornal satírico “Charlie Hebdo”, que resultou em 12 mortos – incluindo renomados cartunistas –, causou enorme comoção na França. De forma espontânea, durante vários dias da semana passada, milhares de pessoas foram às ruas para prestar apoio às famílias das vítimas e para condenar o terrorismo. Neste domingo (11), numa marcha já não tão espontânea, cerca de 3,7 milhões de populares ocuparam as ruas das principais cidades francesas – na maior manifestação pública da história do país. Na linha de frente do protesto em Paris, porém, um “cordão de autoridades” reuniu famosos carniceiros que nunca respeitaram as vidas humanas e as liberdades democráticas. Puro oportunismo!

Entre estes verdadeiros terroristas, destaque para o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que promove bombardeios diários contra os palestinos, chacina crianças e idosos sem dó nem piedade e ainda castra a liberdade de expressão em seu próprio país. De braços dados com o facínora israelense, outros líderes da direita mundial – como a chanceler alemã Ângela Merkel e os premiês da Espanha, Mariano Rajoy, e do Reino Unido, David Cameron – que nunca vacilaram em utilizar a violência contra os povos. Por razões ideológicas ou por interesses eleitorais, todos tentaram se aproveitar de maneira oportunista do sangue derramado na redação do jornal “Charlie Hebdo”.

A tendência é que vários destes líderes da direita explorem o clima de comoção para impor novas medidas de caráter fascista. Contra o chamado “terrorismo islâmico” – o que já é uma perigosa generalização que reforça o preconceito e o ódio aos milhões de imigrantes que vivem na Europa – haverá o recrudescimento de outros tipos de fundamentalismo. A onda conservadora que varre o velho continente, atolado numa prolongada e destrutiva crise econômica, deve se agudizar no próximo período. O medo inclusive será usado para evitar a vitória das forças contrárias à elite burguesa e aos seus programas de austeridade neoliberal – como já sinalizam as eleições na Grécia e na Espanha.

Uma coisa é condenar, de forma enérgica e sem qualquer hesitação, o bárbaro atentado à sede do jornal “Charlie Hebdo”. Outra coisa é servir de massa de manobra para os que agora tentam tirar proveito desta ação criminosa para justificar os seus crimes contra a humanidade. Chega a ser patético observar veículos da mídia monopolista adotando o lema “Je suis Charlie” (Eu sou Charlie). Eles deram apoio às guerras imperialistas, às ditaduras sanguinárias, à violência contra a verdadeira liberdade de expressão, aos planos econômicos regressivos e destrutivos do capital. Tentam agora pegar carona na indignação para defender a “liberdade dos monopólios” – que não tem nada a ver com a liberdade de expressão.

Abaixo, artigo publicado na Folha que ajuda a refletir criticamente sobre os graves episódios recentes na França:

*****

Guerra entre fundamentalismos
Tariq Ali - 11 de janeiro de 2015Sacralizar um jornal satírico que dirige ataques a vítimas da islamofobia é quase tão tolo quanto justificar os atos de terror contra a publicaçãoFoi um acontecimento terrível. Foi repudiado em muitas partes do mundo e de maneira mais veemente por cartunistas de países árabes e de outros lugares. Os arquitetos dessa atrocidade escolheram seus alvos com bastante cuidado. Eles sabiam muito bem que tal ato criaria o maior dos horrores.Foi a qualidade, não a quantidade que eles procuravam. Eles não dão a mínima para o mundo dos incrédulos. Como Kirilov em "Os Demônios", romance de Dostoiévski, eles pensam que "se Deus não existisse, tudo seria permitido".Ao contrário dos inquisidores medievais da Sorbonne, eles não têm a autoridade legal e teológica para assediar livreiros ou donos de gráficas, proibir livros ou torturar escritores, de modo que se sentem livres para dar um passo além.E os soldados de infantaria? As circunstâncias que atraem homens e mulheres jovens para esses grupos não são escolhidas por eles, mas pelo mundo ocidental no qual vivem --ele próprio é resultado de longos anos de domínio colonial.Os terroristas que realizaram o massacre no semanário satírico "Charlie Hebdo", em Paris, na quarta-feira (7), gritavam "Deus é grande". Não faço ideia se eles acreditavam que tinham sido acolhidos por Deus ou que estavam a mando dele, mas o que sabemos é que os dois irmãos parisienses --Chérif e Said Kouachi-- eram maconheiros cabeludos que viram imagens da Guerra do Iraque, em 2003, e, em particular, das torturas na prisão de Abu Ghraib e dos assassinatos a sangue frio de iraquianos em Fallujah.Esses rapazes buscaram conforto na mesquita. Foram recrutados por radicais islâmicos que viram na "guerra ao terror" do Ocidente uma oportunidade de ouro para recrutar jovens tanto no mundo muçulmano como nos guetos da Europa e da América do Norte.Enviados primeiro ao Iraque para matar americanos e, mais recentemente, à Síria (com a conivência do Estado francês?) a fim de derrubar Bashar al-Assad, eles foram ensinados a utilizar armamentos de forma eficaz. De volta à Europa, colocaram em prática os seus conhecimentos. Eram perseguidos e o semanário representava seus perseguidores. Deixar o horror nos cegar para essa realidade seria miopia.O "Charlie Hebdo" nunca escondeu o fato de que continuaria provocando os muçulmanos com blasfêmias ao profeta. A maior parte dos muçulmanos estava com raiva, mas ignorou os insultos.Para a publicação, era uma defesa dos valores seculares republicanos contra todas as religiões. O semanário atacava ocasionalmente o catolicismo, dificilmente --ou nunca-- o fazia contra o judaísmo, mas concentrou sua ira sobre o islã.A secularidade francesa de hoje significa, essencialmente, qualquer coisa que não é islâmica. Defender o direito de publicar o que quiserem, independentemente das consequências, é uma coisa, mas sacralizar um jornal satírico que dirige ataques regulares àqueles que já são vítimas de uma islamofobia desenfreada nos EUA e na Europa é quase tão tolo quanto justificar os atos de terror contra a publicação.A França tem leis para restringir liberdades se há alguma suspeita de que elas possam causar agitação social ou violência. Até agora elas têm sido usadas para proibir apenas as aparições públicas do comediante francês Dieudonne por causa de piadas antissemitas e proibir manifestações pró-palestinos.Mas isso não é visto como algo problemático por uma maioria de franceses que chia bem alto. Também não houve vigílias pela Europa quando se soube há alguns meses que foi utilizada tortura contra prisioneiros muçulmanos entregues à CIA por países europeus.Há um pouco mais que sátira em jogo. O que estamos testemunhando é um conflito entre fundamentalismos rivais, cada um mascarado por diferentes ideologias.A economia política da Europa está confusa e, na ausência de uma alternativa real ao capitalismo (não apenas ao neoliberalismo), o vácuo político vai crescer e novas forças emergem na luta pelo poder.A extrema direita está em ascensão na França. Marine Le Pen está na vanguarda, liderando as pesquisas para a próxima eleição presidencial, sempre relacionando os recentes acontecimentos à imigração desenfreada e dizendo que ela sempre havia alertado para isso.Que pena que o filme de Gilli Pontecorvo "A Batalha de Argel" (1966) ainda tenha que ser visto em Marselha. Algumas liberdades são claramente mais preciosa que outras.Tariq AliI, 71, escritor paquistanês, é autor de "O Poder das Barricadas" (Boitempo), dos romances que formam a coleção Quinteto Islâmico (Record), entre outros livros. É membro do conselho editorial da revista britânica "New Left Review"

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O papel da máfia no assassinato de John F. Kennedy

     

A ninguém, nem à família, interessava revelar as ligações de Kennedy com a Máfia, os complôs para assassinar Fidel Castro e comprometer a CIA.


Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira
Arquivo
[Nota do autor: Maiores detalhes sobre esses episódios podem ser encontrados, com as respectivas fontes, nos meus livros "Formação do Império Americano" e  "De Marti a Fidel - A revolução cubana e a  América Latina", ambos da Civilização Brasileira]

“Es una mala noticia” - exclamou Fidel Castro, ao saber do assassinato do presidente John Kennedy, no dia 23 de novembro de 1963. No momento, ele estava almoçando, em Varadero, com o jornalista francês Jean Daniel, editor internacional de L’Express, que passara antes por Washington e a quem Kenndey solicitara que o sondasse sobre a possibilidade de normalizar as relações entre Cuba e Estados Unidos, caso ele adotasse uma linha de não-alinhamento, como a da Iugoslávia [1]. Ele, outrossim, havia instruído o embaixador William Attwood, adjunto de Adlai  Stevenson na ONU, no sentido de explorar a possibilidade de acomodar a situação com Fidel Castro, mediante a cessação de suas atividades subversivas na América Latina e a completa neutralização de Cuba, com a retirada dos militares da União Soviética, que lá ainda ficaram [2].

O presidente John Kennedy, aparentemente, havia desistido de invadir a ilha, dado o alto custo político  e de vidas humanas, bem como por causa do acordo com a União Soviética, para a retirada dos mísseis (outubro/novembro de de 1962) que lá estava a instalar. E daí que passou a jogar outras cartas para resolver o problema com Cuba, antes da eleição presidencial a ocorrer em 1964.

Não obstante, ao mesmo tempo em que Kennedy experimentava abrir um caminho para a negociação, em 22 de novembro de 1963, o agente Desmond FitzGerald (1910 -1967), substituto de William Harvey como chefe da Cuban Task Force W, da CIA, apresentou em Paris, como representante pessoal de Robert Kennedy, ao major Rolando Cubela Secades, antigo dirigente do Directorio Revolucionario, representante de Cuba na UNESCO e recrutado pela CIA desde 1961, a fim de tramar o golpe de Estado, em Havana, e entregou-lhe uma caneta com um dardo envenenado, para que disparasse contra Fidel Castro, operação  esta conhecida pelo criptônimo de AM/LASH. Se Fidel Castro fosse eliminado até novembro de 1964 e se instalasse em Cuba um governo aceitável para os Estados Unidos, Kennedy poderia apresentar-se ao eleitorado americano como o presidente que impediu o avanço do comunismo no hemisfério.

Conforme alguns dos seus colaboradores, talvez a CIA não houvesse informado ao presidente Kennedy sobre o projeto AM/LASH, embora ele não tivesse preconceito contra assassinatos políticos. Quando a CIA, 1961, articulava o golpe contra Leónidas Trujillo, na República Dominicana, Kennedy declarou que os Estados Unidos, “as a matter of general policy, could not condone assassination” e também autorizou o golpe de Estado contra o presidente do Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem, assassinado em 2 de novembro de 1963, em negociações secretas com o Vietnã do Norte. Entretanto, em 23 de novembro, no dia seguinte à entrega da caneta com dardo envenenado a Rolando Cubelas por Desmond Fitzgerald, foi Kennedy que tombou assassinado, em Dallas, por Lee Harvey Oswald. O projeto AM/LASH fracassou como dezenas de outras tentativas de matar Fidel Castro.

O assassinato do presidente John F. Kennedy constituiu um ato de terrorismo individual, cujas causas a razão de Estado (Raison d´État) obstaculizou a investigação realizada pela President's Commission on the Assassination of President Kennedy, conhecida como Warren Commission, nome do chefe da Justiça dos Estados Unidos, Earl Warren. Sua conclusão foi que Lee H. Oswald atuara, isoladamente, assim, como Jack Leon Ruby, quando o matou na estação de polícia [3].

Houve um "covert-up", acobertamento, usual nos Estados Unidos. Embora a viúva, Jacqueline Kennedy, estivesse convencida de que seu marido fora morto não pelos comunistas, como J. Edgar Hoover e outros queriam crer, mas como resultado de uma conspiração doméstica, a ninguém, nem à família, interessava revelar as ligações de Kennedy com a Máfia, os complôs para assassinar Fidel Castro, comprometer a CIA. O presidente Lyndon B. Johnson temia que um inquérito mais profundo indicasse algum envolvimento da União Soviética e de Cuba na morte de Kennedy e tornasse inevitável uma guerra nuclear [4], ou, quiçá, por algum motivo pessoal.

No entanto, após exaustiva investigação, o Select Committee on Assassinations of the U.S. House of Representatives (HSCA), estabelecido, em 1976, constatou que foram dois os atiradores que dispararam contra o presidente Kennedy, que o terceiro tiro partiu de Lee Oswald e que, com bases nas evidências disponíveis, se podia assentar "that President John F. Kennedy was probably assassinated as a result of a conspiracy" [5].

O professor G. Robert Blakey, chefe do Conselho e diretor da equipe da House Select Committee on Assassinations, e Richard N. Billings, diretor editorial da House of Commmitte e antigo diretor da revista Life, assinalaram que Lee Oswald tinha estabelecido significativas conexões com ativistas anti-Castro e o crime organizado, e afirmaram que “we concluded from our investigation that organized crime had a hand in the assassination of Presidente Kennedy” [6].

De fato, todas as evidências apontaram para a existência de um complô, com a participação da CIA e da Máfia e de cubanos asilados [7]. Segundo o gangster Sam Giancana, Lee Harvey Oswald trabalhava para a CIA, participara de uma série de sessões de intensivo treinamento em inteligência, quando servira como marine, servira como espião na União Soviética, onde se casara, em Minsk, com Marina Prusakova, e tinha ligações com a Máfia desde a juventude [8]. Quando voltara aos Estados Unidos, em 1962, proclamava-se abertamente a favor de Fidel Castro e não só distribuíra material de propaganda do Fair Play for Cuba Committee [9] como tentara obter, no México, visto para Cuba, que lhe foi várias vezes negado [10].

Ele estava preparado para representar o papel do terrorista no complô contra Kennedy [11] . Tinha características similares às de  Marinus van der Lubbe, o autor do incêndio do Reichstag, na Alemanha (1933) [12] e que fora fichado como comunista, de acordo com o plano dos dois próceres do nazismo, Joseph Goebbels e Hermann Goering, a fim de possibilitar que Adolf Hitler obtivesse poderes extraordinários e implantasse a ditadura, legalmente, sem revogar uma linha sequer da Constituição de Weimar.

A CIA, logo após o assassinato, havia elaborado um Memorandum com as informações de que Lee H. Oswald estivera no México, entre 23 de setembro 2 de outubro, e visitara o vice-cônsul Kostikov [13], conhecido agente do KGB, especialista em sabotagem, e previu que ele seria assassinado, a fim de que nada pudesse revelar às autoridades americanas, se estivesse realmente envolvido em uma conspiração estrangeira. E cumpriu-se a previsão.

Dois dias depois, 24 de novembro, Lee H. Oswald foi executado por Jack Ruby, proprietário de cassino em Dallas e, vinculado ao crime organizado de Chicago [14]. Ele prestara serviços à Máfia, contrabandeando dinheiro de Cuba, nos anos 1950, quando o sargento Fulgencio Batista era o ditador. Sua eliminação, dentro da própria estação de polícia, sob o olhar impassível dos detetives, que o agarravam para impedir qualquer reação, teve como objetivo impedir que ele revelasse a extensão do complô. Tornava-se necessário apagá-lo [15].

Sam Giancana revelou ao irmão Chuck, que escreveu suas memórias, haver escolhido Jack Ruby para executar essa tarefa, porquanto ele havia trabalhado com a CIA, na invasão da Baía dos Porcos, e sempre tivera entendimento com os policiais de Dallas [16].  Cada homem envolvido no complô para matar Kennedy recebeu US$ 50.000,00, revelou Sam Giancana, confessando que ele, pessoalmente, ganhara milhões em petróleo, “from the wealth right-wing Texas oilmen” [17].

O complô, no entanto, não se restringiu aos membros da Máfia, Jimmy Hoffa, Sam Giancana, Johnny Rosselli, articulados com Frank Fiorini Sturgis, que também trabalhara com a CIA na invasão da Baía dos Porcos e recrutara Marita Lorenz para envenenar Fidel Castro [18].  Giancana afirmou que o complô envolveu “right up to the top of the CIA” e "meia dúzia de texanos de direita fanáticos, o vice-presidente Lyndon Johnson" e Richard Nixon, que havia encorajado os preparativos para a invasão da Baía dos Porcos, sob o governo do presidente Dwight Eisenhower [19].

O general Alexander Haig, secretário de Estado no governo de Ronald Reagan, declarou que o presidente Lyndon Johnson, de quem fora assessor, acreditou até morrer que o “obsessivo desejo” de matar Fidel Castro [20], alimentado por Bob Kennedy, estava por trás do assassinato e  ressaltou que a existência do grupo secreto, que o tramava, não fora revelado à Comissão Warren nem à opinião pública, e o operação de cobertura visou a proteger a reputação do Presidente [21].

O jornalista Seymour M. Hersh escreveu que o custo de uma completa investigação seria muito alto, porquanto revelaria a verdade a respeito do presidente Kennedy e de sua família [22] , os vínculos com Sam Giancana e Johnny Rossely, que se consideravam traídos por causa do processo contra eles movido por Bob Kennedy, como procurador-geral. Robert Kennedy talvez por isso se evadiu de prestar depoimento perante a Warren Comission [23]. O custo seria, realmente, muito alto.

A investigação revelaria que Sam Giancana, que lhe fora apresentado por sua amante (de ambos) Judith Campbell Exner, ajudara-o durante a campanha presidencial nas eleições primárias em West Virgínia e Chicago, juntamente com outros gangsters, tais como Joseph Frischetti e Meyer Lansky, e entendimento com a Máfia foi intermediado por Frank Sinatra e conduzido por seu pai, Joseph Kannedy.

Os que tramaram o assassinato do presidente Kennedy, provavelmente, tiveram o propósito de compelir os Estados Unidos a invadir Cuba, sonho acalentado pela Máfia, pelos Cuba Project plotters da CIA e do Pentágono [24], assim como pelos mobsters Sam Giancana, Johnny Rosseli, Joseph Frischetti, Meyer Lansky, Santo Trafficante e outros capi da Máfia, ansiosos para reabir os cassinos em Havana.

Estavam todos inconformados com o esforço de Kennedy para conseguir uma acomodação com Fidel Castro. Frustraram-se, porém. Lyndon B. Johnson (1963-1968), ao assumir a presidência, não deu maior atenção ao conflito com Cuba, como o fizeram os irmãos Kennedy, que se deixaram dominar pelo compulsivo anseio de revanche, após a humilhante derrota da Brigada 2506 em Playa Girón. Em 7 de abril de 1964, ordenou à CIA que cessasse as operações de sabotagem e não mais participasse dos raids contra Cuba, assim como cancelou um plano elaborado durante a administração de Kennedy para uma segunda invasão, que deveria ocorrer entre março e  junho de 1964 [25].

Entre 1975 e 1976, quando Senate Select Committee to Study Governmental Operations with Respect to Intelligence Activities (Church Committee), tratou de esquadrinhar as ações da CIA, FBI etc., seu presidente, o notável senador Frank Church, do Partido Democrata, ampliou seu raio  de investigação até o assassinato de Kennedy e intimou vários gangsters a prestar depoimento. Nenhum, porém, pôde comparecer perante o Church Committee. Foram misteriosamente assassinados, a fim de que não rompessem ou traíssem o código de silêncio, a omertà.

San Giancana, que mantinha relações pessoais com Kennedy e colaborava com a CIA para matar Fidel Castro, morreu com um tiro na nuca e seis em torno da boca, em 19 de junho de 1975 [26]. “Undoubtedly, Giancana was murdered to prevent him from talking about CIA-Castro plot or any other Mafia secret”  - afirmou o advogado do gangster (mob lawyer) Frank Ragano em suas memórias [27]. Cerca de dez dias depois, em 30 de julho de 1975, o líder sindical James (Jimmy) R. Hoffa, vice-presidente da Teamsters Union, que fizera doações para a campanha de Nixon, desapareceu, misteriosamente, quando viajava para encontrar-se, em Detroit, com o gangster Anthony Giacalone [28]. Ele também estava convocado pelo Church Committee, dado ter ligação com os gangsters Santo Trafficante, proprietário de extensa rede de jogo em Cuba, fechada por Fidel Castro, e Carlos Marcello, cujo nome aparecera vinculado ao assassinato de Kennedy. Sam Giancana, conforme seu irmão Chuck, revelou que articulara, antes dele próprio ser assassinado, a execução de Hoffa, por solicitação da CIA, tarefa empreendida por cinco soldados: dois de Chicago, um de Boston, um de Detroit e um de Cincinnati [29].

Muitos anos depois, em 14 de janeiro de 1992, o New York Post afirmou que Hoffa, Santo Trafficante e Carlos Marcello participaram do complô para matar Kennedy. O advogado Frank Ragano, em suas memórias, confirmou que, em começo de 1963, Hoffa lhe incumbira de levar a Trafficante e Marcello mensagem relativa a um plano para assassinar Kennedy: “The times has come for your friend and Carlos to get rid of him, kill that son-of-a-bitch John Kennedy” – disse-lhe Hoffa [30].

Quando o encontro se realizou no Royal Orleans Hotel, Ragano falou: “Vocês não acreditarão no que Hoffa quis que eu lhes dissesse. Jimmy quer que vocês matem o Presidente”. Ambos - Trafficante e Marcello – deram-lhe a impressão de que pretendiam efetivamente executar a ordem.

Em sua autobiografia, publicada em 1994, Ragano contou ainda que, em julho de 1963, Hoffa lhe mandara outra vez a New Orleans, com outra mensagem sobre o assassinato de Kennedy. Conforme contou, Carlos Marcello, Santo Trafficante e Jimmy Hoffa tiveram de fato importante participação na morte de Kennedy [31].

Santo Trafficante odiava Kennedy e dizia haver ele traído os cubanos anti-Castro, não dando apoio aéreo à invasão da Bahia dos Porcos, em 1961 [32]. Hoffa, por outros motivos, destestava também os Kennedy [33]. E todos esperavam que Lyndon Johnson, ao assumir a presidência, demitisse Bob Kennedy da procuradoria-geral [34] e cessasse a investigação por ele promovida contra o crime organizado.

Os Kennedy haviam violado o compromisso assumido pelo pai, Joseph Kennedy, quando buscou seu apoio financeiro e político para a campanha do filho, John, em 1960 [35]. Com efeito, alguns poderosos chefões da Máfia e Frank Sinatra, a eles vinculado, apoiaram financeiramente a campanha de Kennedy, o que foi constatado por um agente do FBI, em New Orleans, em março de 1960 [36]. Sam Giancana e os mobsters do nordeste dos Estados Unidos, sobretudo de Chicago, julgavam que haviam colocado John Kennedy na Casa Branca e tinham direito a um "quid pro quo" [37]. Todos, os cubanos anti-Castro e os mobsters, julgavam-se também traídos [38].  Seu assassinato configurou, portanto, uma vendetta.