Agora que homossexuais têm o direito de se casar nos Estados Unidos, alguns casais do mesmo sexo estão esperando pela noite de núpcias para ter sua primeira relação sexual, algo muito raro para a maioria dos norte-americanos.
Sexo? Só depois do casamento. (Getty Images)
Um artigo recente publicado na The Atlantic falou sobre como é difícil que pessoas homossexuais com fortes crenças religiosas se mantenham virgens até o casamento. Este é um tópico que praticamente não existia antes do movimento pela igualdade ganhar força.
O The Atlantic entrevistou Julie Kerr, filha de um pastor batista. Ela cresceu como uma cristã que queria esperar para ter relações sexuais somente após o casamento. Na adolescência, ela percebeu que a pessoa pela qual ela queria esperar era, na verdade, uma mulher.
A maioria dos norte-americanos perde a virgindade antes do casamento, de acordo com um estudo de 2007 intitulado “Trends in Premarital Sex in the United States, 1954-2003,” realizado por Lawrence B. Finer, diretor de pesquisas domésticas do Guttmacher Institute, que estuda a saúde sexual e reprodutiva no mundo todo.
“O sexo antes do casamento é um comportamento normal para a grande maioria dos norte-americanos, e tem sido assim há décadas,” disse Finer.
Existem estatísticas do WaitingTillMarriage.org, um site a favor da abstinência, que mostram que apenas 3% dos cidadãos do país esperam o casamento para iniciar a vida sexual.
Kerr, uma barista de 33 anos da Califórnia, Estados Unidos, disse ao The Atlantic, “É por causa da minha fé que eu sinto um chamado para esperar até o casamento, ou esperar até que eu conheça o amor da minha vida. Para mim, o amor da minha vida será, definitivamente, uma mulher.”
Diferentemente de muitos jovens heterossexuais que fazem votos de castidade diante de suas famílias e congregações, pessoas homossexuais que querem esperar até o casamento raramente contam com o apoio de grupos religiosos fundamentalistas, que não aceitam a sua sexualidade e nem o seu direito de se casar.
Manter-se virgem atualmente é algo difícil, mas a tarefa se torna ainda mais complicada quando precisamos cumpri-la sozinhos, diz Jonathan Alpert, um psicoterapeuta de Nova Iorque, Estados Unidos, com uma grande clientela de pessoas homossexuais.
“Eu acho que é difícil que alguém espere pelo casamento se não tiver uma forte motivação religiosa para fazer isso,” Alpert disse ao Yahoo Health: “Se a pessoa tem o apoio de sua religião ou igreja, o objetivo se torna mais fácil.”
Felizmente para eles, o número de homossexuais cristãos está aumentando. Umapesquisa sobre congregações religiosas norte-americanas, realizada em 2014 pela Duke University e pela University of Chicago, ambas nos Estados Unidos, identificou que entre 2006 e 2012 o percentual de congregações permitindo que casais declarados homossexuais se tornassem membros, subiu de 37% para 48%.
A recente decisão de legalizar o casamento homossexual nos Estados Unidos abriu as portas para que estes casais esperem até o casamento para ter sua primeira relação sexual, algo que o autor e ativista Matthew Vines acredita que irá se tornar cada vez mais comum.
Vines, que promove a inclusão de pessoas homossexuais dentro do Cristianismo, disse ao The Atlantic que “conforme mais pessoas que possuem crenças religiosas e fazem parte da comunidade LGBT começarem a receber o apoio de seus familiares e igrejas, creio que esperar pelo casamento vai se tornar algo relativamente comum.”
Shara Sand, psicóloga de Nova Iorque que trabalha com muitas pacientes lésbicas, afirma que nenhuma delas está “esperando pelo casamento ou cogitando fazer isso.” Por outro lado, Sand ressaltou em um e-mail para o Yahoo Health, “Eu também não conheço muitas mulheres heterossexuais esperando.”
Alpert, coautor de ‘Be Fearless: Change Your Life in 28 Days,’ diz que pessoas homossexuais que planejam esperar para ter relações sexuais somente após o casamento precisam criar seus próprios grupos de apoio em vez de esperar pelo suporte das congregações religiosas.
“As pessoas precisam encontrar este apoio de outras maneiras,” diz Alpert. “Tenho certeza de que há homossexuais que acreditam na abstinência; é uma questão de encontrar pessoas que pensem de forma semelhante. E você não deveria ter medo de criar o seu próprio grupo. Há diversas igrejas mais progressistas que aceitam as ideias de casamento e abstinência homossexual.”
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