domingo, 15 de novembro de 2015

ESSE URSO DE PELÚCIA LEVOU UMA PROFESSORA PARA A CADEIA NO SUDÃO





Em 2007, Gillian Gibbons, uma professora britânica que estava trabalhando no Sudão, foi protagonista de um caso que chamou atenção internacional. Enquanto dava aula para suas crianças (entre elas, cristãos e muçulmanos), ela foi indagada por parte da turma se a mascote deles, um ursinho de pelúcia, poderia ser chamar ‘Muhammad’ (Maomé). A professora consentiu, sem ver maiores problemas, mas acabou se envolvendo em uma grande polêmica por conta disso.
Gillian foi denunciada por blasfêmia às autoridades do país, e foi presa por insultar o islã. Inicialmente, tudo indicava que um dos pais das crianças seria responsável pela denúncia dirigida à mulher, mas posteriormente chegou a público que, na verdade, a denúncia partiu de um funcionário da escola. A professora foi enquadrada na Seção 125 do Ato Criminal do Sudão, que proíbe “insultos religiosos, incitação ao ódio, abuso sexual, prostituição e demonstrações de desprezo a crenças religiosas”. A pena para quem descumpre essa lei é de sentença máxima de prisão, multa, ou, pasme, 40 chicotadas.
360_sudan_teddy_bear_1126
No dia 29 de novembro, um dia depois de ser denunciada por descumprir a lei sudanesa, ela foi julgada culpada por ‘insultar a religião’, e recebeu pena de prisão por 15 dias, além de deportação. O Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha disse que a punição era ‘completamente injustificável’, e demonstrou plena insatisfação com a decisão, além de pedir intervenção do governo sudanês.
No dia 30, cerca de 10 mil manifestantes tomaram as ruas da Khartoum, capital do Sudão, para pedir a execução de Gibbons. Alguns dos protestantes empunhavam espadas e machetes. Hoje sabe-se que tais manifestações foram motivadas por imams (lideranças religiosas), que denunciaram a britânica durante as orações tradicionais que são realizadas na sexta-feira. Os manifestantes entoavam cantos como “Vergonha do Reino Unido”, “Sem tolerância – execução!” e “Matem, queimem!”. Algumas testemunhas afirmaram que o governo do país também incitou a população a realizar o protesto. A partir de então, Gibbons foi transferida para uma localização secreta, temendo sua segurança.
Liberação
Gibbons foi liberada depois de oito dias de prisão, quando lideranças muçulmanas do Reino Unido conseguiram convencer o presidente Omar al-Bashir de conceder perdão presidencial para a professora. Antes de ser escoltada de volta para Liverpool, Gibbons deixou uma carta para o Sudão, onde dizia: “Eu tenho grande respeito pela religião islâmica, e não queria de forma alguma ofender alguém”. [BBC]

Nenhum comentário:

Postar um comentário