quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Pessoas religiosas têm cérebro mais ‘espesso’ e maior proteção contra a depressão

 

  • Pesquisadores da Universidade de Columbia descobriram que a crença na espiritualidade pode criar no córtex uma barreira física contra a doenças
O Globo (Email)
Com agências internacionais
 

Procissão com oferendas para Yemanjá no último fim de semana do ano, na praia de Copacabana: mais religião, menos depressão.
Foto: Daniela Dacorso / Agência O Globo
Procissão com oferendas para Yemanjá no último fim de semana do ano, na praia de Copacabana: mais religião, menos depressão. Daniela Dacorso / Agência O Globo


LONDRES - Pessoas religiosas ou que têm alguma crença na espiritualidade têm cérebros mais ‘espessos’, segundo um novo estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores estudaram pessoas com histórico familiar de depressão e descobriram que, nas religiosas, o córtex, camada externa do cérebro, era mais espesso que em pessoas não religiosas. Esse espessamento relacionado à religião, segundo eles, pode oferecer proteção contra a doença.
- Nossas crenças e nossos humores são refletidos no cérebro, e com novas técnicas de imagem já é possível observá-los - disse à Reuters Health Myrna Weissman, professora de psiquiatria e epidemiologia da Universidade de Columbia. - O cérebro é um órgão fantástico. Não só nos controla, mas é controlado por nossos humores.
Enquanto o estudo sugere uma relação entre a densidade do cérebro e espiritualidade, não se pode dizer que o espessamento cause a religiosidade nas pessoas, observaram os pesquisadores na revista “JAMA Psychiatry”. Mas deve servir para dar pistas, entretanto, de que ser religioso pode aumentar a resiliência do cérebro contra a depressão de forma física.
Antes deste estudo, os pesquisadores já tinham descoberto que pessoas que se diziam religiosas tinham menos risco de entrar em depressão, e que pessoas com maior propensão à doença tinham o córtex mais fino comparadas às que tinham menor risco.
Neste estudo os pesquisadores perguntaram duas vezes a 103 adultos com idades entre 18 e 54 anos o quão importante eram, para eles, religião e espiritualidade, e com que frequência eles tinham ido a missas, cultos, e outras reuniões religiosas em cinco anos. Além das entrevistas, imagens dos cérebros desses voluntários foram observadas para analisar a espessura de seus córtex. Todos os participantes eram filhos ou netos de pessoas que já tinham participado de um estudo anterior sobre depressão.
Os pesquisadores descobriram que a importância da religião ou espiritualidade de um indivíduo - mas não a frequência às reuniões religiosas - estava relacionada ao córtex mais espesso. O link foi mais forte entre aqueles com alto risco de depressão.
- O que estamos fazendo agora é olhar para a estabilidade do estudo - disse Weissman, que também é chefe do Departamento de Epidemiologia Clínica Genética do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York.
A equipe da pesquisadora está tomando mais imagens dos cérebros dos participantes para ver se o tamanho do córtex muda com sua espiritualidade.
- Esta é uma maneira de replicar e validar os resultados - explicou.

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