Solidão, amigos comprometidos, rotina esvaziada... Dois especialistas em relacionamento falam quais são as principais reclamações do homem e os conselhos que dão a eles
Para cada quatro casamentos registrados no Brasil em 2013, um divórcio apareceu para acabar com o conto de fadas. Foram 1,05 milhão de uniões contra 254,2 mil casais separados para valer, de acordo com os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E entre os divórcios cuja entrada na papelada não foi consensual, a maioria deles – 50,1 mil contra 36,9 mil – foi por iniciativa da mulher.
"Se não foi o homem quem pediu [o divórcio], ele vai ter que recuperar a autoestima, fica arrasado, ainda ama a ex, a rotina dele é completamente esvaziada", diz Ailton Amélio, mestre e doutor em Psicologia pela USP e autor de livros como "O mapa do amor" e "Para viver um grande amor". A transição de solteiro para casado é natural para muitos, mas o caminho contrário após anos comprometido pode ser desafiador para alguns.
"Eu diria que esse público é cerca de 30% a 40% dos nossos clientes. Outro perfil que também é comum é o do homem na faixa dos 35 que conseguiu o sucesso profissional, mas abriu mão de muitas coisas, inclusive da juventude, e agora não sabe como agir. Eles buscam ajuda e acabam achando a gente", revela Breno Carrera, coach de relacionamento do "Fórmula da Atração". Conversamos com Amélio e Carrera para saber quais são as principais queixas de quem acabou de virar solteiro e os conselhos que eles dão para dar a volta por cima.
ROTINA ESVAZIADA
Para Amélio, uma das primeiras tarefas é preencher a "rotina esvaziada" com decisões simples, algumas com as quais ele talvez não estivesse acostumado. "São medidas práticas. É decidir onde vai morar, comer, lavar as roupas, quando vai buscar os filhos, já que geralmente eles ficam com a mulher. É reestabelecer a rotina, preencher o dia a dia que ficou desorganizado."
"O pessoal calcula que, para quem foi casado por muito tempo e tem filhos, demora uns três anos para voltar a sentir-se como era na época de solteiro. Demora para trocar a identidade", completa o psicólogo.
NÃO SABE PARA ONDE IR
Se durante a semana o trabalho ocupa boa parte do tempo, durante o final de semana a situação é outra. Amélio e Carrera comentam que uma das reclamações mais frequentes do recém-divorciado é não saber para onde ir nem o que fazer agora que está solteiro.
"Ele tem que fazer planos, sair de casa, saber o que vai fazer, ajuda se tiver amigos como companhia. No final de semana ele fica desprogramado", avalia Amélio. Para não se perder tanto, Carrera dá quatro dicas:
Novas amizades: "A primeira coisa que falo é renovar as amizades, tentar frequentar o happy hour do trabalho, ou buscar aqueles amigos, mesmo que você não fale com eles há algum tempo, que você sabe que são solteiros. O cara às vezes fica com vergonha, era amigo, mas casou e sumiu. Ele quer voltar a falar, mas fica ressabiado, e o que acontece é que eles te recebem de volta bem".
Buscar novos lugares: "Frequente lugares que não frequentou ainda. Quando você volta a ser solteiro, o foco é socializar, de preferência lugares onde têm mulheres. Voltar a ficar confortável e a socializar nesses lugares, porque quando você é casado ou namora, você não vai ficar de olho nas mulheres".
Renove o visual: "Quando você está casado, você tende a não investir muito no visual, sempre usa roupas padrão, não se preocupa tanto. Aos poucos, renove o visual. Compre uma ou duas camisas, uma calça jeans, um acessório como um relógio, vá devagar para você se identificar com o novo visual. As mulheres também fazem isso".
Use aplicativos: "O Tinder é o melhor. De imediato isso vai te estimular a querer ser um conquistador de novo, a acordar o seu lado solteiro que ficou adormecido. Também aconselho a praticar um esporte, frequentar a academia, fazer atividades que fazem com que você sinta-se bem".
"Quem não aguenta ficar sozinho só tem que tomar cuidado para não entrar em encrenca, começar um relacionamento com alguém incompatível ou rápido demais, depois dá problemas. Nessas horas, quando a solidão é grande, muita gente acaba se comprometendo impulsivamente", ressalta Ailton, que diz que é preciso procurar ajuda quando há muitas dificuldades de se restabelecer.
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