A desigualdade entre ricos e pobres alcançou seu maior nível em 30 anos, em uma série de países. Essa tendência tem prejudicado o crescimento econômico, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divulgou o novo relatório envolvendo seus 34 países-membros nesta terça-feira (09/12), em Berlim e Paris.
“Hoje, os 10% da população mais rica da OCDE ganha 9,5 vezes a renda dos 10% mais pobres; em 1980 esta relação era de 7 para 1 e tem aumentado continuamente desde então”, afirmou a entidade.
A OCDE integra países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo membros da União Europeia, os Estados Unidos, Turquia, México e Japão. A China, o Brasil e a Índia não integram a organização.
Nas décadas anteriores à crise econômica mundial, a renda média das famílias cresceu em todos os países da OCDE cerca de 1,6% ao ano. “No entanto, em três quartos das famílias que estão entre as 10% mais ricas dos países da OCDE os rendimentos cresceram mais rapidamente do que os das 10% mais pobres, resultando num aumento da desigualdade de renda”, aponta o relatório.
Diferenças menores nos países nórdicos
Durante os últimos anos pós-crise, a renda familiar média estagnou ou caiu na maioria dos Estados-membros da OCDE, afirma o estudo. A diferença entre ricos e pobres, que varia consideravelmente, é, em geral, menor na Europa continental e nos países nórdicos.
Porém a relação da renda média entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres é bem mais alta em outros Estados-membros, prossegue o relatório, “chegando a cerca de 10 para 1 na Itália, Japão, Coreia do Sul, Portugal e Reino Unido; 13 a 16 para 1 na Grécia, Israel, Turquia e Estados Unidos, e 27 a 30 para 1 no México e no Chile”.
Na Alemanha, a distância entre ricos e pobres também vem aumentando desde meados dos anos 1980. Os 10% mais ricos do país ganhavam, então, cinco vezes mais do que os 10% mais pobres. Agora, os 10% mais ricos ganham sete vezes mais.
Desigualdade e distribuição de renda
O relatório argumenta que o aumento da desigualdade de renda afeta negativamente as economias dos países membros, tendo custado mais de 10 pontos percentuais do crescimento econômico no México e na Nova Zelândia. “Nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Finlândia e Noruega, a taxa de crescimento teria sido mais de um quinto maior, se as disparidades de renda não tivessem sido ampliadas”, diz o estudo.
Ao mesmo tempo, de acordo com estimativas da OCDE, uma maior igualdade ajudou a aumentar o PIB per capita de Espanha, França e Irlanda, antes da crise econômica. O relatório pede que sejam adotados programas de combate à pobreza, assim como uma melhoria no acesso à educação de alta qualidade, formação profissional e saúde.
“O estudo também não encontrou evidências de que as políticas redistributivas, como impostos e benefícios sociais, prejudiquem o crescimento econômico, desde que essas políticas sejam bem planejadas, direcionadas e implementadas”, afirmou a OCDE, no comunicado que acompanhou a divulgação do relatório.
“Nossa análise mostra que só podemos esperar crescimento forte e duradouro se fizemos algo para combater a grande e crescente desigualdade”, argumentou o secretário-geral da OCDE, Anjo Gurria. “A luta contra a desigualdade deve estar no centro do debate político. Os países que crescerão serão aqueles que fazem tudo para que seus cidadãos tenham igualdade de oportunidades desde a infância.
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