sábado, 18 de setembro de 2010

Da emergência à decadência

Bristol (EUA) - Ao longo dos anos em que tenho escrito para o Direto da Redação, dois temas têm aparecido com frequência neste espaço: minha preocupação com o lamentável estado do ensino no Brasil e meu alerta de que nosso país, no curto período de 40 anos, vem passando da explosão demográfica para o declínio populacional.
Na última semana escrevi que, a caminho da Hungria, uma rápida leitura dos jornais (jornais estrangeiros e brasileiros, que acesso pela internet) me levou a abordar de novo os dois temas – e, especificamente nos jornais brasileiros, retirei a preciosa informação de que o índice de fecundidade de nossas mulheres voltou a crescer, mas mesmo assim apenas para algo em torno de 1,9 - abaixo dos 2,1 necessários para manter a população estável.
Quer  dizer, melhoramos um pouquinho numa situação inaceitável para um país que ainda nem sequer atingiu seu pleno desenvolvimento econômico mas pode cair na armadilha que ameaça as nações pós-industrializadas. De emergentes estamos a caminho de nos tornarmos decadentes, sem passar pelo paraíso.
No avião que me conduzia nesta segunda-feira de Budapest a Milão, no longo caminho de volta a Nova York, com destino final em Bristol, li também no International Herald Tribune duas ou três matérias que deveriam interessar ao governo brasileiro: os esforços da China e da Índia no ensino de ciência, matemática e tecnologia; o interesse da Índia em convencer grandes instituições de ensino, como Harvard, Yale e Oxford, a abrirem “campuses” em seu país; a rota que a China vem seguindo para se tornar líder mundial em energia alternativa. Uma esfera em que o Brasil chegou a ter a veleidade de dominar.
China e Índia são integrantes do chamado grupo Bric, junto com o Brasil e a Rússia. Nesta última, que ao longo de  um século vem sendo destaque mundial no terreno científico, o governo adotou programas de incentivo para combater o mal que agora pode atingir o Brasil: o envelhecimento da população.
Entre nós tais assuntos, que deveriam ter destacada prioridade, ficam sistematicamente em segundo plano e foi para alertar a mulher que em breve deverá ocupar a nossa presidência, Dilma Rousseff, que escrevi aqui na semana passada.
Mas um de meus leitores chegou a culpar os “gays” pela queda da fecundidade da mulher brasileira. Será que quando elas tinham seis ou sete filhos não havia homossexuais?
Entre as medidas que o governo deveria tomar estão as da área fiscal, mas também passos para incentivar o retorno da diáspora brasileira - espalhada pelos Estados Unidos, Europa e Japão, num momento em que a economia mundial não se mostra muito favorável - e para atrair estrangeiros qualificados para nosso país, como imigrantes. São eles que poderão remediar a escassez de profissionais de alto nível, profissionais brasileiros que nosso precário ensino e nosso declínio populacional negarão nos próximos anos às nossas empresas..veja mais = wwwcamacarimagazne.blogspot.com

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