terça-feira, 11 de junho de 2013

BRASIL : Dia 11 junho 1865 - Batalha Naval do Riachuelo

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Patriotas e Nacionalistas.

Em junho de 1865, o Paraguai já estava em guerra com o Brasil há 6 meses. Uruguaiana estava ocupada por 10.000 homens, e Corumbá, por 2.000. A Argentina perdera a Província de Corrientes. O Exército paraguaio tinha quase o dobro do efetivo das forças argentinas, brasileiras e uruguaias combinadas. Por outro lado, o potencial humano e econômico destes três países era maior, dando-lhes vantagem a médio prazo (motivos, pretextos e resultados da guerra não vêm ao caso para esta narrativa).

A chave das operações para os dois lados estava no controle do uso dos rios Paraná e Paraguai, que eram as principais artérias de comunicação da região. Se os paraguaios o conservassem, poderiam abastecer suas tropas e até avançar. Caso a Tríplice Aliança o conquistasse, seria possível anular as conquistas paraguaias e levar a guerra ao próprio Paraguai.
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A Marinha Imperial era a maior da região, a melhor equipada, e tripulada por veteranos de guerras... contra uruguaios e argentinos! Desde a década de 1850 ela incorporara navios a vapor, a maioria para combates no mar, alguns fluviais. Portanto, se o Paraguai pretendia dominar o sistema fluvial, era necessário destruí-la como força efetiva.
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O palco escolhido para esta operação foi a confluência dos rios Paraná e Riachuelo, ao sul da cidade de Corrientes. As 2a e 3a Divisões da Esquadra brasileira, sob o Chefe-de-Divisão (hoje Contra-Almirante) Francisco Manuel Barroso, estavam fundeadas no Paraná, dando cobertura a operações em terra. A margem esquerda (leste) do Paraná era ocupada pelos paraguaios, e em suas altas barrancas foram camuflados Batalhões de infantaria e Baterias de artilharia.
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Na manhã de 11 jun 1865, 9 vapores paraguaios, comandados pelo Capitão-de-Navio Ignácio Meza, aproximaram-se velozmente, aproveitando-se da correnteza favorável, e passaram pelos brasileiros, em direção do Riachuelo. Foram primeiro avistados pela Canhoneira Mearim, que deu o alarme. Barroso, a bordo da Fragata Amazonas, deu ordem de suspender e perseguir o inimigo.
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Às 09 h 25 min, com a batalha a começar, Barroso mandou hastear no mastro da Amazonas o sinal "O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever", seguido de outro, com instruções de combate: "Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que cada um puder". Foi então que as tropas paraguaias em terra subitamente abriram fogo. A situação tornou-se confusa e perigosa para os navios brasileiros, que também viram-se atacados por chatas artilhadas rebocadas pelos vapores paraguaios, e encontraram bancos de areia desconhecidos, num ponto onde o Paraná tem cerca de 200 m de largura e várias ilhas.
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As Canhoneiras Jequitinhonha e.Parnahyba encalharam. A primeira, apesar de atacada por três navios paraguaios, conseguiu manter todos, e mais canoas com infantes, à distância. Já a Parnahyba não teve tanta sorte. Os vapores .Paraguary, .Tacuary .e .Salto acostaram e seus tripulantes abordaram a canhoneira. A luta no convés foi intensa, por mais de uma hora, pois os brasileiros recusaram-se a render o navio. Entre os mortos, estavam o Guarda-Marinha João Greenhalgh, o Imperial Marinheiro Marcílio Dias e dois oficiais do 9o Batalhão de Infantaria do Exército, o Capitão Pedro Afonso Ferreira e o Tenente Feliciano Maia (o Batalhão estava embarcado na Esquadra, juntamente com uma Bateria do 1o de Artilharia, tanto para ação naval quanto para eventuais desembarques). Fuzileiros e Artilheiros do então Batalhão Naval (atual Corpo de Fuzileiros Navais) também participaram da batalha. Os Soldados José Alves, Hilário Pereira e Zeferino Leite de Oliveira morreram em combate, e o Sargento Augusto Pires Ferreira foi mencionado em despachos por sua bravura.
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Por fim, Barroso acorreu, com a Fragata Amazonas e as Canhoneiras Ipiranga, Mearim, Iguatemi, Araguari e Beberibe (a Belmonte estava isolada e sob fogo das baterias em terra), repelindo os navios paraguaios e socorrendo a Parnahyba. A perda desta foi assim evitada. As chatas paraguais, levadas pela correnteza ou com a munição esgotada, representavam menos perigo. Barroso decidiu bombardear as posições paraguaias em terra com sua Divisão, causando grandes danos e perdas. Então, aproveitando o fato de sua fragata ter rodas laterais de propulsão e construção sólida, ele atacou diretamente os navios paraguaios, abalroando-os com sua proa. Neste momento, subiu seu terceiro e último sinal na batalha: "Sustentar o Fogo que a Vitória É Nossa"!
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A Amazonas atingiu, e pôs a pique, três navios paraguaios: o Jejuy, o Salto.e o ex-Marquês de Olinda (este era um navio brasileiro capturado a 12 de novembro de 1864, num dos pretextos para o início da guerra; três 3 navios argentinos haviam sido igualmente apresados), tendo ficado desgovernado e encalhado o Paraguary. O Capitão Meza, diante desta situação, e gravemente ferido (ele morreu alguns dias depois), retirou-se com os quatro 4 navios que lhe restavam (o Tacuary, o Ygurey, o Yporá e o Pirabebé) rio acima, em direção ao Paraguai. Após quase 10 horas de combates, a Batalha Naval do Riachuelo estava terminada.
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Barroso conquistara uma incrível vitória tática, apesar de grandes desvantagens. Nenhum navio brasileiro foi destruído ou capturado (a Jequitinhonha foi incendiada e abandonada no dia seguinte), apesar de encalhes, abordagens, superioridade inimiga, e das perdas de 74 mortos e 142 feridos (os paraguaios também lutaram corajosamente, com baixas de pelo menos 400 mortos e 1.000 feridos na Esquadra e em terra).

Estrategicamente, o resultado foi excelente, pois as tropas paraguaias em Uruguaiana foram forçadas a se renderem a 19 de setembro, Corrientes foi em grande parte liberada, e a Marinha paraguaia não mais desempenhou qualquer papel na guerra. Os aliados passaram a dominar totalmente a navegação fluvial fora do Paraguai, com grande liberdade de ação e logística. Foi possível montar o acampamento de Tuiuti, base de operações por dous 2 anos e local das duas maiores batalhas campais da América Latina.

A Batalha Naval do Riachuelo só não foi totalmente decisiva devido à poderosa Fortaleza de Humaitá, transposta apenas a 19 fev 1868. A partir de então, a guerra ainda durou mais de dois anos... 

 

Francisco Manuel Barroso da Silva era filho de Teodósio Manuel Barroso e nascera em Lisboa em 1804. Seu pai veio para o Brasil em 1808 como Capitão da Brigada Real da Marinha, comandante de uma Bateria na nau-capitânea Príncipe Real durante a Transmigração da Família Real Portuguesa. Aquando do retorno da Brigada a Portugal em 1821 um Batalhão e sua Música Marcial no Brasil remanesceram. Tal força é a antecessora mais direta do atual Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil e de sua Companhia de Bandas. Teodósio Barroso também aqui permaneceu e chegou ao posto de Tenente-Coronel, enquanto seu filho Francisco Manuel Barroso foi feito Barão do Amazonas em 1866 (o título referia-se a sua nau-capitânia em Riachuelo). Permaneceu em comandos táticos e estratégicos da Marinha durante a guerra e mais tarde retirou-se da Marinha no posto de Almirante.

Sustentar o Fogo que a Vitória É Nossa!

"O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever"
"Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que cada um puder"
"Sustentar o Fogo que a Vitória É Nossa" .
(sinais do Chefe-de-Divisão (hoje Contra-Almirante) Francisco Manuel Barroso, mais tarde Barão do Amazonas, à Esquadra brasileira, durante a Batalha Naval do Riachuelo, a 11 de junho de 1865)

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Rafael Moura-Neves MAM BHist 


Enviado por Patriota(João B. Guerra)
wwwcamacarimagazine.blogspot.com

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