segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Violência cresce no Nordeste

Francisca Maria Almeida da Silva com as fotografias dos filhos Felipe, Marcelo e Givago, todos assassinados em Teresina. Foto: Efrém Ribeiro / Parceiro / Agência O Globo
RIO e RECIFE - Noite de 8 de janeiro, Alexandre Diniz do Nascimento, de 31 anos, é morto com cinco tiros no município de Bayeux, região metropolitana de João Pessoa. Ele é mais um na estatística de assassinatos da Paraíba que, assim como o restante do Nordeste, amarga a explosão da violência. A única exceção, no momento, é Pernambuco. Um levantamento feito por pesquisador da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) aponta que, nos últimos dez anos, os estados nordestinos enfrentam um crescimento linear do número de assassinatos, diferentemente do Sudeste, que reduziu os homicídios. (Leia também: Tráfico, desavenças e brigas de território explicam aumento de homicídios no Nordeste )
Somente a Bahia registrou um aumento de 50,72% entre 2006 e 2010, passando de 3.222 mortes anuais para 4.856. A polícia baiana tem ainda uma corporação cujo índice de eficiência está entre os mais baixos do país : a média é de apenas 4,6% dos homicídios solucionados, entre fevereiro e junho de 2010.
Com 96 mil habitantes e distante seis quilômetros da capital, Bayeux é um dos municípios paraibanos mais violentos, com uma taxa anual de 83 homicídios por cem mil habitantes. O limite aceitável pela Organização Mundial Saúde (OMS) é de dez mortes por cem mil habitantes. A cidade espelha a dura realidade de crimes que assustam a população. Entre 2001 e 2009, os homicídios cresceram 158% na Paraíba. O levantamento feito na UFCG tem como base os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Em Alagoas, o cruzamento de dados de mortes violentas registradas pelo Instituto Médico Legal, polícias Civil e Militar e Secretaria estadual de Defesa Social mostram que, em 2009, o estado somou 1.998 homicídios. Já no ano passado, o total chegou a 2.218, um acréscimo de 11%. A estatística não inclui casos de latrocínio - roubo seguido de morte.
" Givago, meu filho, tem um homem com uma arma!. Ele soltou os chinelos e saiu correndo. Eu gritei, pedi ajuda para meu filho, mas ninguém teve coragem "

- Os estados enfrentam hoje a migração do crime. Assim como empresários se instalaram na região para implantar atividades lícitas, criminosos de outras regiões como o Sudeste também encontraram nos estados um amplo mercado para o que é ilícito, como o tráfico de drogas - explica o professor da UFCG José Maria Nóbrega, que desenvolve desde 2007 pesquisa sobre a violência no Nordeste.
Segundo Nóbrega, estatísticas baseadas no SIM mostram que entre 1996 e 2008 a taxa de homicídios no Piauí subiu 203%. No ano passado, o estado registrou 204 homicídios, 10% a mais do que em 2009, segundo a Delegacia Geral da Polícia Civil. Em Teresina, a capital, foram 160 casos. No Ceará, chegou a 122% no mesmo período e, no Rio Grande do Norte, 178%. Em Sergipe, o índice foi de 134%. No Maranhão, 242%. Pernambuco enquadra-se em outra realidade: em 2010 houve redução de 14% nos homicídios em relação a 2009. No entanto, segundo Nóbrega, em Pernambuco 94,6% dos homicídios não são investigados.
Fonte : o globo
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