domingo, 29 de maio de 2011

Delta tem R$ 429,3 milhões a receber de outros anos


Entre os investimentos da União dos últimos anos, uma empresa se destaca, a Delta Construções S/A. Desde 2006 está entre as cinco que mais recebem recursos, sendo a campeã nos dois últimos anos. Em 2011 o quadro não mudou, com R$ 254,7 milhões repassados pelo governo.  Está bem à frente da segunda, a Construtora Aterpa, que recebeu R$ 113,5 milhões. (Ranking de Investimentos)
Em todo caso, esses valores estão bem longe do que a Delta ainda tem para receber de outros exercícios, os chamados restos a pagar. Segundo dados levantados pelo Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), são R$ 429,3 milhões de compromissos que por motivos diversos não puderam ser pagos no devido exercício.
No ranking de restos a pagar, a Delta é a única empresa do setor privado entre os sete primeiros favorecidos. Os demais são governos estaduais ou órgãos públicos. Outras empresas privadas com elevados restos a pagar também são da área de construção civil, no caso, a Encalso (8ª no ranking), com R$ 234 milhões e a Engesa (9ª), com R$ 216 milhões.
(Ranking de Restos a Pagar)
Comparativamente, a soma dos restos a pagar destas empresas é apenas R$ 21 milhões maior do que o valor da Delta. A primeira empresa fora da área de obras civis é a Positivo Informática, com R$ 161,6 milhões, na 20ª colocação do ranking.
Estradas no caminho
 Com relação aos programas federais que não fizeram repasse à Delta no ano estipulado, 90% pertencem ao Ministério do Transporte. De todas as 547 diferentes ações com restos a pagar, apenas 11 não são voltadas à manutenção e construção de rodovias. A obra da BR-174, no estado do Amazonas, é a que possui os dois maiores valores pendentes, com R$ 30 milhões e R$ 27,2 milhões, respectivamente. (Lista de Restos a Pagar)
A ação com maior valor fora da área de transporte rodoviário é a construção do edifício-sede da Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília-DF, obra paralisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por suspeita de superfaturamento no valor orçado. No total são R$ 10,3 milhões não pagos em outros exercícios pelo Ministério Público da União.
A empresa
O negócio do empresário Fernando Cavendish Soares tem se envolvido em assuntos polêmicos por todo o país. Em Minas Gerais a construtora foi investigada por usar documentos com informações falsas para poder participar da licitação da via Linha Verde, que liga o aeroporto de Confins à cidade de Belo Horizonte.
Outras denúncias ligadas à licitação foram feitas no Ceará e no Paraná. No estado do sul, a Delta foi uma das empresas caçadas pela Operação Empreitada, que identificou envolvimento de construtoras em fraude. Cavendish negou as acusações. No Rio de Janeiro, por sua vez, foram encontrados indícios de irregularidades na obra do Arco Metropolitano.
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