23/05/2011
às 17:48
É, queridos leitores… O que vai abaixo estaria um tantinho deslocado da política, não fossem alguns dos patriotas abaixo protagonistas da Copa do Mundo de 2014, que será disputada no Brasil. Leiam.
Por jamil Chade, no Estadão:
A TV pública britânica BBC leva ao ar nesta segunda-feira reportagem em que revela que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, admite em audiências a juízes suíços a existência de pagamentos de propinas na Fifa e diz ainda ter fechado acordo para barrar a publicação dessas informações pelo tribunal da cidade de Zug, na Suíça, no caso da ISL.
A TV pública britânica BBC leva ao ar nesta segunda-feira reportagem em que revela que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, admite em audiências a juízes suíços a existência de pagamentos de propinas na Fifa e diz ainda ter fechado acordo para barrar a publicação dessas informações pelo tribunal da cidade de Zug, na Suíça, no caso da ISL.
O programa vai mostrar que o acordo passou também pelo ex-presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, diante de procuradores que investigavam suspeitas de pagamento de US$ 100 milhões (cerca de R$ 162 milhões) em propinas na entidade.
Segundo a BBC, tanto Teixeira como Havelange fecharam acordo com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. O conteúdo do programa vazou neste domingo na imprensa norueguesa.
A investigação foi feita pelo repórter britânico Andrew Jennings, banido da Fifa e autor de livros sobre os bastidores da entidade. Entre 1989 e 1999, a empresa de marketing ISL foi a responsável pela venda dos direitos de TV das Copas, maior fonte de renda da Fifa.
No início da década, a ISL quebrou e quase levou consigo a Fifa. Um processo foi aberto e se constatou no ano passado que o pagamento de propinas ocorreu dentro da entidade e que a ISL servia como empresa laranja para impedir que o pagamento da corrupção fosse revelado.
Apesar da comprovação das propinas, os bastidores do processo, depoimentos e culpados foram mantidos em sigilo. Isso porque as partes envolvidas chegaram a um acordo: multa de US$ 5,5 milhões (aproximadamente R$ 8,9 milhões) foi paga como punição. Pela lei suíça, quando há um acordo, os detalhes do processo são mantidos em sigilo.
Mas, segundo o programa Panorama, da BBC, audiências do tribunal com Teixeira e Havelange, no marco do processo, revelam que eles confirmam o pagamento da propina.
No total, os pagamentos chegaram a US$ 120 milhões (em torno de R$ 195 milhões) ao longo dos anos. O programa vai ao ar às vésperas das eleições na Fifa, marcadas para semana que vem e repletas de polêmicas em torno de corrupção. Joseph Blatter, presidente em exercício, concorre a mais um mandato e no domingo deu murros em um palanque na África do Sul, insistindo : “A Fifa não é corrupta”.
Nem Havelange nem Teixeira teriam aceitado responder à BBC diante das informações obtidas pela televisão.
O presidente da CBF foi citado há duas semanas em CPI no Reino Unido por ter pedido favores em troca de votos à Inglaterra para ser sede da Copa de 2018. Questionado, Blatter declarou neste domingo ao jornal suíço NZZ que as acusações que pesam sobre Teixeira não são crimes diante da lei suíça.
Rota. No caso envolvendo o programa da BBC, ex-funcionários da ISL admitiram ao tribunal que a Fifa usou a empresa “praticamente como seu banco pessoal”, fazendo transitar os recursos para camuflar o pagamento da propina.
Segundo documentos que fizeram parte do processo, o dinheiro saía da ISL para uma conta denominada “Nunca”, no paraíso fiscal de Liechtenstein. O passo seguinte era a transferência desse dinheiro para uma empresa.
A partir dela, Jean Marie Weber, ex-funcionário da Adidas, servia de emissário. Ele fazia a transferência dos pagamentos para os vários beneficiados, entre eles “pessoas estrangeiras da Fifa”, segundo os termos do processo.
Pelos documentos assinados pelo juiz Marc Siegwart, essas pessoas “receberam recursos da ISL”. Entre as diversas entidades e clubes citados no processo aparecem os nomes de Flamengo e Grêmio.
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