quarta-feira, 22 de junho de 2011

Jucá é dono oculto de terreno em disputa, diz lobista


Geraldo Magela conta que foi intermediário numa transação em que terreno foi vendido para o filho do senador. O dono do imóvel, porém, diz na Justiça não ter recebido o dinheiro
Sebrae
Rodrigo, filho de Romero Jucá, disputa na Justiça terreno com ex-vice-governador de Roraima
Eduardo Militão
O lobista Geraldo Magela Rocha, que afirma ter sido “laranja” do líder do governo no Senado em uma televisão, e em uma faculdade diz agora que também representou Romero Jucá (PMDB-RR) num estranho negócio imobiliário. Segundo Magela, Jucá é sócio oculto de um terreno em Boa Vista (RR) que está sendo disputado judicialmente. O lobista conta que foi intermediário em uma transação em que Jucá buscava ser parceiro do ex-governador de Roraima Antônio Airton Oliveira Dias. A transação aconteceu em 2001. Airton era dono de um terreno de 40 mil metros quadrados, e a pretensão era construir ali um condomínio residencial. “Para isso, o Airton passou uma procuração para mim para que fosse iniciado o negócio, a pedido do Romero. Eu, na transação, seria o representante do Romero”, explica o lobista. Com a procuração, Magela faz uma venda, pelo menos no papel, para o filho de Romero Jucá, Rodrigo Jucá. Algo, porém, não deu certo no negócio. Airton reclama, na Justiça de Roraima, que passaram a perna nele. A escritura do terreno foi repassada para Rodrigo, e Airton diz não ter visto a cor do dinheiro.
À época, Magela Rocha ainda era aliado da família, um colaborador das campanhas eleitorais do senador. Para concretizar a parceria, o lobista, com a procuração, faz uma venda, ao menos no papel, para a empresa do filho do senador, o deputado estadual Rodrigo Jucá (PMDB). Em março de 2003, o terreno passa formalmente para a Societat Participações Ltda.



Localização do terreno em Boa Vista, segundo o lobista
O preço acertado entre Magela e Rodrigo foi de apenas R$ 60 mil. Mas, numa ação judicial, Airton diz que o valor da área era de quase R$ 670 mil. E mais, diz ao juiz da 5ª Vara Cível de Boa Vista que não recebeu nenhum centavo pelo negócio. A ação é de 2006, cinco anos depois da tentativa de sociedade no condomínio com – segundo o lobista – o senador Romero Jucá.
O lote é disputado na Justiça ao mesmo tempo em que o filho de Jucá, com patrimônio nove vezes maior que o do pai, compra à vista uma outra área por R$ 1 milhão.

O lobista diz que, outra vez, agiu a mando de Jucá e que o senador é sócio oculto do negócio. “Eu não sei de nada e a única coisa que fiz foi emprestar, mais uma vez, o meu nome para que o Romero fizesse os seus empreendimentos. Nunca ganhei nada no terreno, na faculdade e na televisão”, disse Magela Rocha ao Congresso em Foco.

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