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O torcedor do Fluminense só tem direito de sentir uma coisa diante dos acontecimentos da última semana: tristeza. Depois de ver o time cair para a segunda divisão do campeonato brasileiro e uma semana depois continuar na elite graças à punição da Portuguesa pelo STJD, só resta a nós, torcedores do tricolor das Laranjeiras, ostentar um respeitoso luto.
Sim, luto. Trocar as três cores que traduzem tradição pelo preto do lamento envergonhado.
A queda do Fluminense aconteceu dentro do campo e das regras esportivas. Consequentemente, o direito de jogar a primeira divisão deveria ser conquistado do único modo digno que existe: ficando entre os quatro melhores times da Série B de 2014 depois de muitos dribles, chutes e caneladas.
O acesso à elite via escritório, seja de forma escusa ou legal, como foi o caso do Flu, deveria ser lamentada.
Diante da permanência na primeira divisão, os tricolores deveriam ao menos manter uma postura contida. Como o paciente da fila de transplantes ao receber um órgão. Ele tem direito de sentir-se feliz, mas sem esquecer que só está vivo devido ao sofrimento de outras pessoas.
Não se trata de fidalguia tricolor. É a única postura ética aceitável.
Bem diferente de comemorações efusivas logo após o anúncio da decisão judicial que manteve o Flu na primeira divisão. Quando o time caiu em 1996, foi salvo pela burocracia. Cartolas abriram champanhe para comemorar, em vez de cair em contrição. O que veio depois é história, a fase mais lastimável do clube das Laranjeiras.
Nelson Rodrigues uma vez resumiu o significado do tricolor: “O Fluminense nasceu com a vocação para a eternidade. Tudo pode passar; só o Tricolor não passará, jamais.”
Tudo pode passar, e esse capítulo sem vergonha da história do Flu passará um dia, mas que vai demorar vai.
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