Bairro imortalizado em música de 1971 é o mais barulhento de Salvador em 2011
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Passar uma tarde em Itapuã não é mais um programa tranqüilo como cantaram Vinícius de Moraes e Toquinho. O bairro é o mais barulhento de Salvador em 2011, com 581 reclamações de poluição sonora de janeiro a maio.
Se existe um bairro onde carros de som não têm lei é aqui em Itapuã. E as pessoas têm que ficar caladas, senão apanham", diz morador
Quarenta anos depois da canção que imortalizou Itapuã como lugar sereno e de natureza exuberante, a urbanização acelerada pôs fim ao romantismo do bairro, que nasceu como colônia de pescadores, a 20 km do centro de Salvador.
Foto: Thiago Guimarães/iG
Praia de Itapuã na região do farol
“Se existe um bairro onde carros de som não têm lei é aqui em Itapuã. E as pessoas têm que ficar caladas, senão apanham”, afirma o filósofo Raimundo Gonçalves, 53 anos, líder comunitário no bairro. A Prefeitura de Salvador se defende e diz que coíbe a poluição sonora.
Foto: AE
Vinicius de Moraes, o poetinha, será promovido ao cargo de embaixador (ministro de primeira classe)
A jornalista Tereza Machado, 32 dos 58 anos vividos em Itapuã, também critica a falta de tranqüilidade no bairro. “Nem dia de missa respeitam. O pároco já fez diversas reclamações”, disse.
Pontos turísticos de Itapuã refletem os problemas do bairro. A praia na altura do farol de Itapuã, onde fica a praça Vinícius de Moraes, fica tomada por carros com som alto aos finais de semana. A lagoa do Abaeté, um dos principais cartões-postais do bairro e da cidade, já é conhecida pela degradação ambiental e pela falta de segurança – o risco de assalto nas dunas é apontado até em placas no local.
Estatísticas criminais caracterizam Itapuã como um dos bairros mais perigosos de Salvador. Em abril deste ano, por exemplo, a 20ª AISP (Área Integrada de Segurança Pública), que engloba Itapuã, liderou o ranking na cidade em roubos de veículos (69 casos), furtos de veículos (20) e estupros (nove). Ficou ainda em terceiro lugar em homicídios dolosos, com 16 casos.
No dia 4 de junho, um sábado, um policial militar matou um auxiliar de despachante de 24 anos à luz do dia na praia do bairro. O corpo ficou estendido na areia. Testemunhas disseram que o PM, que foi preso, cheirava cocaína em um revólver e importunava mulheres quando se irritou com o pedido de moderação feito pelo rapaz.
“De Vinícius em Itapoã só sobraram a praça e a casa”, diz o taxista Pedro Paulo de Menezes, 39 anos, nove no bairro. E até a casa que foi do poeta em Itapuã perdeu o romantismo – construída em 1974, hoje faz parte de um hotel e só pode ser visitada por hóspedes que podem pagar R$ 230 pela diária em um dos quartos.
Foto: Thiago Guimarães/iG
Carros com aparelho de som potente em Itapuã
Informações do IG
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