Mais
uma série de denúncias envolvendo entidades sem fins lucrativos surgiu
na Esplanada dos Ministérios. A bola da vez é o Ministério do Trabalho
(MT), no qual, segundo relatos de diretores de ONGs, parlamentares e
servidores, à revista Veja, pessoas ligadas ao PDT, partido do
ministro, Carlos Lupi, transformaram órgãos de controle em instrumento
de extorsão. Segundo levantamento realizado pelo Contas Abertas, este
ano cerca de R$ 89,4 milhões já foram desembolsados pela Pasta para
instituições privadas sem fins lucrativos.
Durante todo o exercício
de 2010, quase R$ 144,4 milhões foram pagos pela chamada “modalidade
50”, destinada a este tipo de instituição. Vale ressaltar, que a
modalidade 50 envolve, além de ONG’s, as Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (Oscip’s), fundações e partidos políticos e
entidades similares.
A modalidade ganhou
relevância orçamentária nos últimos anos. Entre 2005 e 2011, as
entidades sem fins lucrativos que celebraram convênios com o Ministério
do Trabalho receberam R$ 784,7 milhões. O ano em que houve maior
desembolso foi 2009, quando o montante chegou à R$ 146,1 milhões. No
ano seguinte, a cifra foi praticamente a mesma, cerca R$ 144,4 milhões.
(veja tabela)
No total, em 2011, 108
entidades já receberam verbas. A que mais embolsou, com R$ 13 milhões,
foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, do Distrito
Federal. O segundo colocado é o Centro de Atendimento ao Trabalhador
(Ceat), de São Paulo, com R$ 10,3 milhões, seguido pela Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), que recebeu R$ 6,1 milhões.
De acordo com os relatos
obtidos pela VEJA, primeiramente o ministério contrata entidades para
dar cursos de capacitação profissional, e depois assessores exigem
propina de 5% a 15% para resolver 'pendências' que eles mesmos criam.
Entre as entidades denunciantes está o Instituto Êpa, sediado no Rio
Grande do Norte, que em 2010 recebeu R$ 2,9 milhões do ministério.
A instituição afirmou
para a revista que, após receber em dezembro de 2010 a segunda parcela
de um convênio para a qualificação de trabalhadores no Vale do Açu,
teria entrado assessores da Pasta. O ministério determinou três
fiscalizações e ordenou que não fosse feito mais nenhum repasse. Para
resolver o problema, os diretores do instituto foram avisados que
poderiam regularizar rapidamente a situação da entidade pagando
propina, por meio do contato com Weverton Rocha, então assessor
especial de Lupi, ou Anderson Alexandre dos Santos, coordenador-geral
de qualificação. Ambos respondiam a Marcelo Panella, na época, chefe de
gabinete, homem de confiança do ministro e tesoureiro do PDT. O
instituto não recebeu dinheiro em 2011.
De acordo com a revista
VEJA, Weverton era um dos responsáveis por fixar os valores da propina,
e a Anderson cabia fazer o primeiro contato. Feito o acerto, o dinheiro
era entregue a um emissário do grupo no Rio de Janeiro. A ONG Oxigênio,
outro alvo do suposto esquema, admitiu ter desembolsado R$ 50 mil para
resolver 'pendências'. "Quando você tenta resistir, sua vida vira um
inferno", afirmou um dos dirigentes. A Oxigênio já figurou entre as
empresas que mais receberam recursos do Ministério do Trabalho. Entre
2005 e 2011, a entidade embolsou a cifra de R$ 20,2 milhões.
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Ministério do Trabalho destinou R$ 89,4 milhões para entidades sem fins lucrativos este ano
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