quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Aumenta a concentração de riqueza entre municípios do país


Com alta do minério, PIB municipal ficou mais desigual em 2010
A concentração regional entre os municípios brasileiros voltou a avançar em 2010, após recuo por três anos seguidos, segundo os dados da pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios, divulgados ontem pelo IBGE. A média de 10% dos municípios com maior PIB geraram 96,8 vezes mais renda do que a média de 60% das cidades com menor PIB, pelos dados de 2010. Em 2006, a taxa era de 99,7 vezes. Em 2009, havia baixado para 95,4 vezes, subindo em 2010 para 96,8 vezes.
O movimento, segundo a técnica do IBGE Sheila Zani, responsável pela pesquisa, está ligado à dependência da economia brasileira das commodities:
— Os municípios que vivem de commodities passam por períodos de bonança e de recessão. Em 2010, o preço das commodities estava extremamente alto, principalmente do minério de ferro. E isso levou a mais concentração. Em 2009, quando o mundo mergulhou numa profunda crise económica após o colapso dos mercados financeiros de 2008, as commodities tiveram forte queda de preço. Em 2010, houve uma recuperação, sobretudo das commodities metálicas. O preço do minério de ferro subiu 83%.
Investimentos criam enclaves
Enquanto isso, os preços não tão favoráveis de commodities agrícolas, como a soja, que teve alta de 1,7% em 2010, contribuíram para a redução na renda de algumas cidades. A região Centro-Oeste viu sua participação no PIB recuar 0,3% de 2009 para 2010, para 9,6%, enquanto os estados de Minas Gerais e Pará, com indústria extrativa forte, avançaram para 9,5% (de 9%) e 2,2% (de 1,9%), respectivamente.
— Vemos uma proliferação de grandes investimentos que inserem o Brasil na economia internacional, mas que se constituem como enclaves. São investimentos altamente concentrados espacialmente, e isso aumenta as desigualdades dos municípios — afirma o professor da UFF e da Universidade Cândido Mendes José Luís Vianna da Cruz.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas José Cezar Castanhar, os elevados recursos para os grandes eventos — concentrados em alguns locais — e o impacto maior da crise de 2009 nos municípios menores podem ter relação com o aumento da concentração do PIB municipal em 2010.
Os números do IBGE mostram também que um quarto do PIB nacional (25%) está concentrado em apenas seis cidades brasileiras (São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus). Em 2009, eram cinco. Na lista entrou Manaus, com a Zona Franca de Manaus.
Capital tem 34% do PIB nacional
Outro indicador de concentração, ainda que em recuo, é a participação das capitais na composição do PIB nacional. Em 2010, a fatia foi de 34%, a menor desde o início da série, em 1999, quando era de 38,7%.
Esse movimento de desconcentração também ocorre quando se olha as duas maiores cidades do país. São Paulo respondia por 14,2% do PIB nacional em 1999, fatia que caiu para 11,8% em 2010. ]á a participação do Rio passou de 6,8% para 5%.
— A atividade económica tende a não se concentrar mais nas grandes cidades e se desloca para municípios próximos. Mas é preciso lembrar que perder participação no PIB não significa que a economia não cresceu. A economia brasileira ficou 3,2 vezes maior entre 2000 e 2010 — diz o diretor-adjunto de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Miguel Matteo.
Em nota, a Prefeitura do Rio afirmou que os números refletem um Brasil mais justo, que distribui melhor a riqueza.
"Rio e São Paulo continuam crescendo, mas outros centros também ganham importância. É o país que todos os brasileiros querem, onde a produção de riquezas não fique concentrada numa única cidade ou região".
OGlobo
wwwcamcarimagazine.blogspot.com

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