sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ex- Militante revela Bastidores do PV





No início de julho a ex-senadora Marina Silva decidiu deixar o PV, insatisfeita com o modo de atuação da direção nacional do partido. Marina protestou,entre outras coisas, contra a falta de democracia interna e, apesar do peso do seu nome, ao obter 20 milhões de votos na última eleição presidencial, não foi atendida nas suas reivindicações.
O partido, que surgiu em 1986, já há algum tempo vem apresentando sérios problemas, entre eles o desrespeito à legislação relativa ao uso de recursos do Fundo Partidário – verba pública – além de outros abusos. Toda a trajetória do PV – um partido que não conseguiu crescer, ser uma nova alternativa no panorama político brasileiro – e os desmandos dos seus principais dirigentes, está relatada no livro Partido Verde – O Clube dos Amigos (Com dinheiro do Fundo Partidário), editora Altadena, escrito pelo jornalista, escritor e roteirista José Louzeiro. Com 139 páginas, contém farta documentação sobre as irregularidades e depoimentos comoventes de ex-membros.

TRECHO DO LIVRO
No início dos anos de chumbo, década de 60, Felipe-2 e Felipe-1, da Vanguarda Popular Revolucionária formavam uma dupla que se caracterizava pela coragem de agir contra os militares golpistas. Muitos foram os confrontos em que estiveram envolvidos, armas nas mãos. Essa convivência os uniu como se fossem irmãos e unidos os dois chegaram ao Partido Verde onde, por questões de menor importância se separaram
“Não é exagero dizer que Fernando Gabeira, por exemplo, apaixonado pelo poder, compactua com o que há de pior no Partido Verde, cujos postulados – seguir de perto a caminhada dos verdes tasmanianos – foram rasgados há muito tempo e o partido ‘ecológico’ brasileiro, de tantas esperanças, transformou-se numa sigla como outra qualquer e com um agravante: ainda faz acreditar que sua alta direção – em particular Gabeira e Felipe-1 ( Sirkis) – estão  preocupados com nossas questões ecológicas, quando na verdade se ocupam é com  seus problemas particulares, sempre dispostos a sacar verbas do Fundo Partidário para ações que não se justificam, pois os dois e  seus parceiros – ‘Padre’ Camacho, José Luiz Penna e Brandão -  estão  certos de que poderão dar um golpe de mestre, inclusive nos técnicos do TSE, pois sabem  empurrar com  a barriga as notas falsas, relativas aos anos  de 2004 e 2005 que, malandramente, encaminharam ao Tribunal Superior Eleitoral ( TSE)
Segundo os artigos 37 da lei 9.096/95 e 33 da resolução 21.841 (22.06.2004), “os dirigentes da  esfera nacional, estadual, municipal ou zonal, respondem civil e criminalmente pela  falta de prestação de contas ou pelas irregularidades constatadas na  escrituração do partido. Curiosidade: a maioria dos membros do Diretório Nacional ( Comissão  Executiva e do Conselho), não  tem consciência de que a lei, também, poderá puni-los. No caso do PV, vale lembrar, dirigentes e conselheiros são coniventes com o desvio do dinheiro público do Fundo Partidário, pois há mais de um ano os desvios financeiros vêm  se registrando,  depois que o presidentes do Diretório Rgional do Amazonas – Plínio Valério – fez a primeira  denúncia e, ao que parece, não foi levado a sério, pois em matéria de astúcia ( ou audácia?), Camacho Gabeira, Penna, Felipe-1 ( Sirkis) e Brandão  são  mais espertos que cobras na areia quente. Perto deles o mais recente aliado de Gabeira –  José Camilo dos Santos Filho, o Zito (PSDB) -, é um ingênuo. Se levar a sério o pacto com o ex-guerrilheiro de 64  e burguês desde 2008, que almeja chegar à prefeitura do Rio de Janeiros de qualquer jeito, o pobre Zito funcionará apenas como burro puxando a charrete do PV, hoje uma legenda de espertalhões, vivendo  sob influência das coligações que conseguiram armar para iludir até mesmo o TSE”.
Desde sua denúncia Plínio Valério passou a ser tratado como adversário em vez de ser aplaudido por sua corajosa iniciativa, em benefício do partido. E mais: a dinâmica Dalva Lazaroni, da Executiva Nacional, decidiu examinar as denúncias de seu colega amazonense e constatou: eram verdadeiras. Com a melhor das intenções distribuiu a todos os dirigentes os resultados da sua investigação. Prêmio por seu meticuloso trabalho: foi expulsa do partido pelo poderoso chefão, o ex-carbonário Felipe-1, que eu conheço bem. Afinal, nos tempos da ditadura por sermos bons parceiros, passamos a ter codinomes iguais: Felipe-1 e Felipe-2. Claro está que Felipe-1 era ele: eu me contentava  em  ser o  segundo, pois  sempre achei que um pouco de humildade não  faz mal  a ninguém.”

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