quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lupi não é o último

Presa em um nó partidário de aliados famintos e descontentes, a presidente Dilma Rousseff terá que conciliar na primeira reforma ministerial oficial de seu governo a resolução de problemas administrativos, a saída de titulares que disputarão as eleições de 2012 e a assimetria de poder entre legendas aliadas. O PT quer os ministérios das Cidades e do Trabalho. O PMDB, por sua vez, anda insatisfeito, reclamando que só ganhou ministérios sem capilaridade. Para melhorar sua situação na Esplanada, o aliado pleiteia a pasta de Transportes, acrescida da Secretaria de Portos, que deve perder o status de ministério. A disputa dos aliados pela ampliação do espaço na Esplanada já se refletiu no Congresso. O governo encontra dificuldades em aprovar a lei que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e os parlamentares já trabalham com a possibilidade de não votar o orçamento este ano.
No xadrez do enxuga e troca ministerial, a restruturação de algumas pastas é avaliada por Dilma. A presidente tem criticado o modelo de gestão e chegou à conclusão de que é impossível se reunir com quase 40 ministros. Para resolver a questão, avalia fundir pastas que têm ações correlatas, como Trabalho e Previdência; Agricultura e Pesca; Igualdade Racial, Políticas para Mulheres e Direitos Humanos; e Transportes e Portos ou Integração Nacional e Portos.
A chuva de ministros derrubados por denúncias de corrupção prejudicou os planos da presidente, de modificar a gestão das pastas em 2012. Há três meses, Dilma discutiu em reunião de coordenação política a proposta de dividir a Esplanada em áreas “guarda-chuva”. Em vez de despachar com os titulares dos 38 ministérios, a presidente sugeriu que as pastas fossem divididas em grandes temas e que um ministro — com perfil mais técnico e testado pelos anos do governo PT — fosse o coordenador temático, ou seja, o responsável que conversaria com ela. Com isso, Dilma criaria uma modalidade de “vice-ministros”, ideia que já incomoda os aliados, mas resolveria problemas administrativos e de agenda do Planalto.
A avaliação dos aliados é de que o ano de turbulência política que antecedeu a reforma oficial limita os planos da presidente no momento de montar seu primeiro ministério de fato. “É sempre complicado fazer uma reforma no meio do mandato. Quando o novo governante assume é que ele decide o tamanho do Estado. Fazer mais composições depois é complicado”, afirma o senador Wellington Dias (PT-PI).
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