domingo, 28 de novembro de 2010

Guerra no Rio: Marinha tem 100 fuzileiros


Amanda Costa
Do Contas Abertas
Desde o último domingo (21), todas as atenções estão direcionadas ao Rio de Janeiro, que declarou guerra ao narcotráfico. Pela televisão, a população brasileira tem acompanhado cenas do confronto entre policiais e traficantes que beiram a ficção, e parecem ter sido encomendadas diretamente do cinema. Mas é o retrato fiel da realidade. O comandante do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais, capitão-de-mar-e-guerra, Carlos Chagas, avalia que a operação trouxe alento para população que estava acuada. O comandante afirma que a Marinha continuará a oferecer apoio logístico às polícias do Rio durante o tempo que for necessário e, por enquanto, descarta aumento do efetivo de fuzileiros navais na operação, que já chega a 98 direta ou indiretamente envolvidos.
A Marinha, que foi a primeira das Forças Armadas a participar da operação no Rio de Janeiro, presta apoio logístico a fim de permitir que o contingente de policiais consiga subir comunidades de difícil acesso, já que os veículos têm capacidade de progressão em qualquer terreno, mesmo com eventuais obstáculos feitos por traficantes. Segundo o comandante, a Marinha atua com três tipos de carros blindados: o M-113, lagarta anfíbio e viaturas sobre rodas piranha. Cada veículo é operacionalizado por quatro fuzileiros navais.
Na última quinta-feira, em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, afirmou que o apoio da Marinha foi decisivo para o sucesso da operação na Vila Cruzeiro, que fez com que cerca de 200 suspeitos de envolvimento com o tráfico recuassem para o Complexo do Alemão.
Em entrevista exclusiva ao Contas Abertas, o comandante Chagas diz que, embora a Marinha esteja em operação por conta de situação de emergência no Rio de Janeiro, o foco das ações do Comando são “as águas jurisdicionais brasileiras”, o que ele chama de “Amazônia Azul”.
Confira abaixo a íntegra da entrevista:
CA: De que forma se concretizou a participação da Marinha? O Comando se colocou à disposição do governo do Rio ou foi acionado pelo Ministério da Defesa para intervir com apoio logístico?
Comandante Carlos Chagas: Houve uma solicitação do governo do Estado ao Ministério da Defesa para que a Marinha participasse da operação. E foi prontamente atendida pelo comandante da Marinha que determinou que nós participássemos.
CA: De que forma se deu o apoio logístico, com que carros?
Comandante Carlos Chagas: A Marinha usa três tipos de carros que são o blindado M-113, o carro lagarta anfíbio e as viaturas sobre rodas piranha, todas elas blindadas e para transporte de tropas. Quanto aos urutus, a Marinha já aposentou os urutus há pelo menos 15 anos. Quem ainda tem é o Exército.
CA: Qual é a percepção em relação a atuação conjunta das Forças Armadas e polícias Militar, Civil e Federal? É uma experiência nova?
Comandante Carlos Chagas: Não chega a ser uma experiência nova. O apoio que a Marinha tem dado é logístico de transporte para as tropas da Polícia Militar. Quanto à operação conjunta, já é uma tradição, até mesmo pelo desempenho das nossas tropas no Haiti há seis anos, onde há um contingente combinado da Marinha e do Exército brasileiros.
Em relação ao combate ao crime, houve algumas experiências isoladas em momentos de tensão no Rio, como em 1994, durante a Operação Rio. Agora, a Marinha não está necessariamente no combate, e sim presta apoio logístico para permitir que as forças da polícia consigam subir nessas comunidades de difícil acesso e atinjam os objetivos com a proteção necessária para os policiais. Esses veículos têm uma capacidade muito boa de progressão em qualquer terreno.
CA: Quantos carros e fuzileiros navais foram mobilizados?
Comandante Carlos Chagas: Estamos com 15 carros e 98 fuzileiros navais envolvidos e no momento não há expectativa de que esse contingente aumente. São quatro fuzileiros por carro e tem o pessoal de apoio para abastecer com combustível, manutenção, entre outros itens.
CA: Qual é a perspectiva de envolvimento da Marinha nesta operação? Há uma estimativa de quanto tempo mais se pretende dar apoio as polícias do Rio?
Comandante Carlos Chagas: Não há previsão para o término da operação. Acredito que tudo vá depender do desenrolar das ações. Não adianta estabelecermos hoje uma data marcada porque depende de como a operação vai progredir e como o sucesso vai sendo alcançado.
CA: Mas a Marinha vai ficar até o final?
Comandante Carlos Chagas: A Marinha vai ficar enquanto for determinado, enquanto for necessário.
CA: Para o senhor, que está na linha de frente dos embates, como a população tem reagido e com que olhos tem visto essa atuação?
Comandante Carlos Chagas: A população tem nos incentivado muito. Todos os comentários são altamente positivos em todos os aspectos. Tem sido muito favorável a percepção da população, até porque são pessoas que estavam acuadas e a operação trouxe um alento. Um contraponto importante é que a missão a princípio das Forças Armadas, especialmente da Marinha, é a defesa da nação contra os mais diversos tipos de ameaça. E a Marinha tem uma responsabilidade muito grande com o que a gente chama da Amazônia Azul, que são as águas jurisdicionais brasileiras, com todas as reservas de petróleo, do pré-sal. Então, estamos empregando meios numa situação de emergência, mas não podemos nos esquecer de que a tarefa principal é a defesa da pátria.
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