| Sob suspeita, seguro-desemprego ao pescador chegará a R$ 1,3 bi em 2011 | 
| Amanda Costa Do Contas Abertas  | 
Mais de R$ 3,7 bilhões. Esta é a conta paga pelo governo federal a pescadores, desde 2003, para garantir a reprodução de diversas espécies de peixes, durante o período de defeso, onde ocorre a reprodução e os pescadores ficam impedidos de exercer a profissão. O valor do benefício para o próximo ano está estimado em R$ 1,3 bilhão, portanto, 14 vezes maior que os R$ 81,5 milhões pagos no primeiro ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na moeda da época (veja gráficos com a quantidade e o valor). O auxílio ao pescador é uma assistência financeira temporária de um salário mínimo, concedida apenas ao profissional que exerça, comprovadamente, sua atividade de forma artesanal, individual ou em regime de economia familiar, e que teve as atividades interrompidas por conta do defeso. Essa é a teoria, na prática, investigações do Ministério Público Federal indicam que pelo menos R$ 500 milhões sejam repassados anualmente para as contas de quem nunca pescou na vida.O procurador da República em Tubarão, Santa Catarina, Celso Antonio Tres, afirma que processou mais de 300 pessoas por fraude no benefício apenas em sua região. “Vimos situações bizarras, já que o único controle para pagar o seguro-desemprego era verificar se a pessoa não tem registro como empregado regular. Então, mesmo que nem soubesse como se pega um peixe, se é pelo rabo ou pela boca, ele conseguia o benefício”, conta. O procurador critica o Ministério do Trabalho, que deveria fiscalizar com mais rigor a concessão do seguro-desemprego. “Pessoas que atuam em outras atividades, que nunca viram um peixe na vida, se inscrevem na colônia e pagam anuidade. Isso conta como tempo de serviço e eles se aposentam. O sindicato e a colônia disputam para ver quem dá mais atestado. Isso é um caos. A responsabilidade maior é do governo, que precisa de uma medida nacional, já que a lei previa que o Ministério do Trabalho verificaria os requisitos, o que não acontece da forma devida”, afirma. O ministro do Trabalho, Carlos Luppi, em entrevista ao programa Fantástico exibido no último domingo, disse que nos últimos oito anos, no máximo 15 mil denúncias de irregularidades chegaram ao governo, o que representa menos de 1% dos benefícios pagos. “A maioria são trabalhadores honestos e sérios. A exceção tem que ser punida com rigor. E onde constatamos isso, nós punimos, cancelamos e processamos”, alega. Os recursos pagos saem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), gerido pelo Ministério do Trabalho. A lista com os nomes dos beneficiários é sigilosa, não há publicidade alguma, ao contrário do que ocorre no programa Bolsa Família, onde a relação das 12,7 milhões de famílias que recebem o benefício é pública. O ministro Carlos Lupi justifica a não divulgação em nome da segurança. “Um grupo que não tenha aquele padrão da normalidade, que queira prejudicar sabendo quem vai receber, pode organizar assaltos, pode desviar aquele recurso”, diz. A meta do governo para este ano é beneficiar pelo menos 352,1 mil pescadores com o pagamento do seguro-desemprego. Para o próximo ano, a proposta de orçamento do governo federal, em tramitação no Congresso Nacional, prevê que 553,2 mil pescadores sejam contemplados com o benefício. Mas, para o procurador Celso Tres, caso não haja controle sobre os beneficiários, o seguro-desemprego pode estar com os dias contados. “É um benefício importante do ponto de vista social e ambiental, mas infelizmente é fraudado ao extremo. Por isso que a conta assistencial brasileira é gigantesca. O pescador que é correto fica extremamente prejudicado porque devem acabar com esse benefício daqui a pouco por causa dessas fraudes”, prevê. Conta bilionária No ano passado, R$ 934,2 milhões foram pagos a 437,4 mil pescadores. A cifra é mais de quatro vezes o orçamento do Ministério da Aquicultura e Pesca efetivamente executado, que foi de R$ 212,7 milhões em 2009. O valor do seguro-defeso também é três vezes o valor recebido com a exportação de pescados e crustáceos, cerca de R$ 283,1 milhões. O número de beneficiários com o seguro-defeso, bem como a conta dispensada anualmente, podem ser ampliados. Isso porque tramita na Câmara dos Deputados dois projetos que preveem aumento na quantidade de pessoas atendidas. O PL 6884/10, do deputado Fernando Marroni (PT-RS), determina o pagamento do seguro-desemprego, no valor de um salário mínimo, ao pescador artesanal impedido de exercer a atividade por conta de condições climáticas ou meteorológicas desfavoráveis. O PL 7139/10, do deputado José Airton Cirilo (PT-CE), estende a todos os trabalhadores envolvidos na cadeia de produção pesqueira o direito ao seguro-desemprego na época do defeso. Pelo texto, passam a ser segurados especiais os trabalhadores artesanais que vivam da seguintes atividades: pesca; explotação e exploração; cultivo, conservação; processamento; transporte; comercialização; pesquisa dos recursos pesqueiros; reparo das redes e das embarcações; e captura ou coleta de caranguejos e de mariscos.  | 
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
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O auxílio ao pescador é uma assistência financeira temporária de um salário mínimo, concedida apenas ao profissional que exerça, comprovadamente, sua atividade de forma artesanal, individual ou em regime de economia familiar, e que teve as atividades interrompidas por conta do defeso. Essa é a teoria, na prática, investigações do Ministério Público Federal indicam que pelo menos R$ 500 milhões sejam repassados anualmente para as contas de quem nunca pescou na vida.
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