PMDB é o partido que mais recebeu doações eleitorais |
Amanda Costa Do Contas Abertas |
O maior partido do país foi o recordista de arrecadação para a campanha eleitoral deste ano. O PMDB conseguiu coletar a cifra de R$ 465,6 milhões. Cerca de 920 candidatos peemedebistas foram agraciados com a verba. O valor é 25 mil vezes superior aos R$ 18,4 mil recebidos por 12 candidatos do PCO, último colocado da lista entre as legendas. Cerca de 770 candidatos do PSDB receberam R$ 438,4 milhões em doações, o que garantiu aos tucanos o segundo lugar entre as siglas mais agraciadas. O PT, que ocupa a terceira colocação, recebeu R$ 438,3 milhões repartidos entre quase 1.050 candidatos. O DEM, por sua vez, recebeu R$ 195,1 milhões divididos para aproximadamente 540 candidatos. As prestações de contas publicadas até a última sexta-feira no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indicam que a campanha eleitoral movimentou, durante o primeiro turno, cerca de R$ 2,7 bilhões. Para se ter uma ideia do montante envolvido na campanha, basta considerar que o orçamento inteiro do Ministério do Esporte para ser utilizado neste ano é de R$ 2,2 bilhões, portanto, menor que a movimentação da campanha eleitoral. A cifra arrecadada pelos partidos deverá ser ainda maior, quando forem computadas as prestações dos governadores que concorreram ao segundo turno, além da presidente eleita Dilma Rousseff (PMDB-RS) e o candidato derrotado à sucessão presidencial José Serra (PSDB-SP). Estes candidatos têm até o dia 30 deste mês para apresentarem suas contas finais ao TSE. O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), foi o candidato que mais recebeu doações. Anastasia angariou mais de R$ 38 milhões para a campanha. Em segundo lugar, outro tucano. Geraldo Alckmin, que venceu a disputa para o governo de São Paulo arrecadou R$ 34,2 milhões. O principal concorrente de Anastasia, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) foi o terceiro melhor contemplado com verba de doação, tendo recebido R$ 30,8 milhões. Figuram ainda na lista dos dez políticos que mais receberam recursos de campanha Osmar Dias (PDT), que perdeu a disputa ao governo do Paraná, os governadores eleitos Cid Gomes (PSB-CE), Jaques Wagner (PT-BA), Roseana Sarney (PMDB-MA), Beto Richa (PSDB-PR) e Silval Barbosa (PMDB-MT). A candidata pelo PV à Presidência da República Marina Silva também completa a lista. Os três estados que mais movimentaram recursos na campanha foram da região Sudeste. Os candidatos de São Paulo conseguiram arrecadar R$ 475,2 milhões. Em Minas Gerais a conta alcançou a cifra de R$ 324,2 milhões. No Rio de Janeiro foram empregados R$ 211,5 milhões. Para completar os estados do Sudeste, o Espírito Santo ocupou apenas a décima quinta colocação, tendo recebido R$ 63,4 milhões. Ao todo, os quatro estados da região angariaram R$ 1,1 bilhão, 40% de toda a movimentação da campanha eleitoral no país. Em contrapartida, a região Norte foi a que menos arrecadou, com o montante de R$ 265,4 milhões distribuídos entre Amazonas (R$ 69,5 milhões), Pará (R$ 51,5 milhões), Tocantins (R$ 49,4 milhões), Rondônia (R$ 42,5 milhões), Roraima (R$ 25,3 milhões), Acre (R$ 15,2 milhões) e, ainda, Amapá (R$ 11,6 milhões). Talvez pela grande quantidade de postulantes a deputado federal, o cargo tenha sido o que mais angariou recursos na campanha deste ano. Foram R$ 914,9 milhões, o equivalente a 34% do total arrecadado. Os candidatos a deputado estadual ficaram com R$ 830,2 milhões. Governadores receberam R$ 533,6 milhões. Os senadores, por sua vez, atingiram a marca de R$ 343,9 milhões em doações. A campanha presidencial do primeiro turno arrecadou R$ 24,4 milhões. Os candidatos a vice-presidentes conseguiram mais R$ 82,1 mil. Deputados distritais arrecadaram R$ 21,3 milhões. Já os vice-governadores conseguiram R$ 5,2 milhões. A principal forma utilizada pelos doadores foi a transferência eletrônica, que depositou nas contas de campanha quase R$ 1,2 bilhão. O cheque foi o segundo meio mais usado, sendo responsável por R$ 678,9 milhões das doações. As doações em feitas por depósito em espécie foram de R$ 332,6 milhões. Cartão de crédito foi responsável por R$ 45,8 mil. Para o cientista político Antonio Flávio Testa, uma das explicações mais prováveis para o PMDB ter sido o partido mais beneficiado é o fato de ser a maior sigla do país. “Mas é preciso considerar que o PMDB é um partido pragmático e que mantém relacionamento com vários setores empresariais brasileiros. Essas relações podem ter contribuído para aumentar sua arrecadação”, avalia. Quanto ao custo da campanha eleitoral, Testa acredita que os valores são muito altos. “Quando consideramos as dimensões do país e os problemas de logística, produção e ações eleitorais diversas, chega-se a montantes muito altos, como ocorreu nessa eleição”, argumenta. O cientista político diz que o fato de Anastasia ter sido o maior beneficiário por doações é uma surpresa. “Houve quem achasse que o candidato a governo de São Paulo arrecadaria mais”, diz. Para o cientista político, a tendência é aumentar cada vez mais o custo das campanhas, enquanto for mantido o atual modelo eleitoral, que “obriga candidatos a se deslocarem cada vez mais, aumentando, sobretudo, os custos com logística”. |
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
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