segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Petrobras: investimentos caem quase R$ 3 bilhões

Apesar de ser a maior estatal brasileira, responsável por 89,6% do total de investimentos do setor e ter 28 empresas vinculadas, a Petrobras continua patinando com as aplicações deste ano. Passados dez meses de 2011, a empresa desembolsou 61,1%, equivalente a R$ 55,8 bilhões, do montante de R$ 91,3 bilhões previstos. Percentualmente, é o segundo pior desempenho para o período desde 2000. Em comparação com o ano passado, também há redução. Até outubro de 2010, já haviam sido aplicados R$ 58,6 bilhões, cerca de 74% dos R$ 86,6 bilhões previsto, em valores correntes.
No começo de maio apareceram os primeiros sinais do corte. Após reunião do Conselho de Administração da Petrobras, notícias foram veiculadas sobre a revisão do Plano de Negócios para o quinquênio de 2011-2015. A sugestão era reduzir em R$ 55,7 bilhões a proposta inicial de investimento, da ordem de R$ 414 bilhões. Na época, questionada pelo Contas Abertas, a estatal negou qualquer relação do corte com os investimentos atuais da empresa. “O Plano vai estabelecer a destinação dos recursos a serem aplicados no futuro, ou seja, até 2015”, completou a assessoria.
Após diversas modificações, em julho, foi aprovado o Plano de Negócios com R$ 25 bilhões a menos que o proposto inicialmente. Com investimentos da ordem de R$ 389 bilhões, o novo plano contempla o total de 688 projetos. “Com a conclusão de diversos projetos já previstos no plano anterior, continuaremos dando ênfase no crescimento orgânico baseado no conhecimento que temos de nossas bacias de petróleo”, afirmou nota da assessoria.
Apesar da diminuição na previsão de investimento, o presidente da Petrobras, José Gabrielli de Azevedo, em entrevista à Revista Brasil Energia, afirmou que o novo plano é viável. Gabrielli mencionou o fato de a Petrobras ter dobrado os investimentos nos últimos anos e que esse “desinvestimento” é um fenômeno normal na maioria das empresas, apesar de ser inédito na Petrobras.
A assessoria de imprensa ressalta que diante do cenário expressivo de descobertas de águas profundas no Brasil, os investimentos não podem ser pequenos. Para compensar, foram concentrados investimentos no segmento de Exploração e Produção, cuja participação no total passou de 53% do Plano anterior para 57% no Plano atual. “Dentro desse segmento se destacam a inclusão da Cessão Onerosa e novos projetos de pré-sal”, explica.
Em outubro, a produção de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil, alcançou a média de 2.359.325 barris equivalentes de óleo por dia (boed). Este volume corresponde ao aumento de 3,3% em relação ao mesmo mês de 2010.. A produção exclusiva de petróleo dos campos nacionais chegou a 2.001.393 boed, resultado 3,2% maior que o volume extraído em outubro de 2010. A produção de gás natural dos campos nacionais atingiu, em outubro, 56,9 milhões de metros cúbicos diários, indicando um aumento de 3,8% em relação ao mesmo mês de 2010.
Para o economista da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, somente com os dados gerais de investimentos não é possível afirmar categoricamente que o novo Plano de Negócios já esteja surtindo efeito. “Este é um setor muito estratégico que envolve diversas implicações nacionais e internacionais”, ressalta o professor.
Porém, em termos gerais, Piscitelli, acredita que é no mínimo preocupante a baixa execução apresentada faltando pouco para o fim do ano. “O Brasil vive um momento em que se espera muito do pré-sal. Mas é claro que as coisas estão andando mais devagar do que deveriam, o que é uma verdadeira frustração, tendo em vista que estamos falando da maior estatal do país”, conclui.
Colaboração do PAC
Junto ao Balanço do PAC 2, apresentado no último dia 22, Gabrielli, apresentou o balanço da Companhia no PAC 2, correspondente ao período de julho a setembro de 2011. Ao detalhar para imprensa os impactos do pré-sal no desenvolvimento econômico do país, o presidente da Petrobras informou que a estatal investirá, de acordo com o Plano de Negócios vigente, R$ 303,2 bilhões em 115 projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2014. “Dentro do PAC, temos papel importante. Porém, a atividade vai além, e beneficia a indústria brasileira em diversas frentes", afirmou.
Além disso, informou que o PAC 2 tem prazo até 2014, mas a Petrobras manterá os investimentos nos projetos do programa de obras do governo federal até 2015. Os recursos aplicados nos 115 projetos totalizarão mais de R$ 365 bilhões. Ainda de acordo com Gabrielli, o pré-sal já atinge 2% da média anual da produção de petróleo brasileira. “É a produção que mais crescerá entre 2011 e 2015. Fora a Opep, teremos a maior produção de petróleo do mundo. O Brasil será o país que dará a maior contribuição de petróleo nos próximos dez anos”, afirmou.
A Petrobras deverá contratar 28 navios-sonda e plataformas semissubmersíveis, construídos no Brasil, com pelo menos 55% de conteúdo nacional. Além disso, está prevista a renovação da frota, com 146 embarcações de médio e grande portes, a serem recebidas entre 2012 e 2018. Destas, 40 já foram contratadas.
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