segunda-feira, 26 de março de 2012

BRASIL: CESAR MAIA CRITICA COMPRA DE VOTOS

Em seu ex-blog, no ultimo dia 21, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, DEM, aborda com rara franqueza a compra explícita de votos, nas eleições brasileiras, sob o manto esfarrapado do pagamento ao "cabo eleitoral", excrescência que tem sobre si o verniz da lei.


Essa discussão de compra de votos deve nortear os debates pelo país afora, uma vez que estamos na soleira das eleições municipais e, especialmente, nós, aqui de Campos, ainda temos sobre os ombros do grupo de plantão no Poder Público Municipal, a mácula da Operação Cinquentinha, que flagrou compra escrachada de voto, com dinheiro, cheque e cartão de crédito e que enquanto não for, definitivamente, devassada, deixará ilegítima a gestora que se beneficiou do esquema.

Veja o texto de Cesar Maia:




A COMPRA DE VOTOS -EXPLÍCITA- NAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS ATUAIS!

1. Centenas de conversas com deputados e vereadores de capitais eleitos e no exercício do mandato sobre custos de campanhas eleitorais trouxeram um dado novo. Novo pela forma e não pelo fato, pois se compra voto no Brasil, de diversas maneiras, desde o Império.

2. Levantados os custos, formais e informais -contabilizados e não contabilizados- na linguagem delubiana, a surpresa é que 80% do custo da campanha de um deputado ou vereador bem votado é com pagamento de "cabos eleitorais". Ou seja: o pagamento a pessoas para estarem nas ruas com cartazes, panfletos e bandeiras, responde por 80% dos custos de uma campanha de deputado e vereador de capital, bem votados.

3. Uns alegam que a determinação do TSE para que um cartaz na rua tenha alguém 'segurando' atrás ajuda esse processo. Um cartaz custaria 20 reais para toda a campanha. Mas atrás dele tem alguém que custa uns 500 reais por mês. Certo, ajuda, mas não explica a intenção geral.

4. Dizem eles que a probabilidade de um "cabo eleitoral" de deputado ou vereador que recebe um pagamento de cerca de um salário mínimo, para estar na rua, votar nesse candidato é de quase 100%. No caso dos majoritários (governador e prefeito), é mais baixa.

5. O número de contratados é uma curva que começa mais baixa no início da campanha e vai crescendo, tornando-se exponencial nos últimos 15 dias e avassaladora na última semana e na "boca de urna", com bandeiras ou qualquer coisa. Começando com 1.000 "cabos eleitorais", pode-se chegar, em média, nos últimos 3 dias, com 30 mil "cabos" pagos. No caso dos contratados só para os últimos dias a taxa de 100% de adesão cai, mas não cai muito, pois são os contratados de antes que chamam amigos.

6. Tomando uma média da curva, de 10 mil cabos eleitorais -de uma campanha média- a 500 reais por mês, temos um custo -médio- de 15 milhões de reais na campanha de 3 meses. Um custo que eles chamam de voto certo. Com isso, e usando a mesma taxa de "lealdade" para os últimos dias, são 30 mil votos.

7. Vários países, tendo em vista essa prática de "compra de votos", adotaram a lei do silêncio. Na sexta, sábado e no dia da eleição, não pode haver nenhum sinal eleitoral, nem bandeira, nem panfletos, nem carros de som..., nada que mobilize eleitores ou sinalize eleitores. Alguns países, no dia da eleição, não podem usar camisetas com o nome de candidato. Nesses países se diz que nos últimos três dias, os eleitores podem fazer suas reflexões sobre a campanha e decidir sem pressões nem pagamentos.

8. Chile é um exemplo. Um método que o TSE poderia usar no Brasil, tornando a eleição mais competitiva entre os que têm dinheiro e os que não têm, ou têm menos.
Fonte: ex-blog de Cesar Maia
wwwcamacarimagazine.blogspot.com
 

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