domingo, 4 de dezembro de 2011

Cresce suspeita de armação no caso Strauss-Kahn

 


Biógrafo e repórter dizem que escândalo sexual foi conspiração para arrasar imagem do ex-diretor do FMI


  • Isolado no Partido Socialista, abandonado por amigos e em crise com sua mulher, o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn viveu nos últimos meses uma espécie de prisão domiciliar voluntária, em Paris. Mas o autoexílio foi brutalmente interrompido há 10 dias. O motivo: novas suspeitas de que o ex-favorito na eleição presidencial da França em 2012 possa ter sido alvo de uma armação política.
A nova controvérsia emergiu na quinta-feira, quando o jornalista Michel Taubmann, biógrafo do economista, lançou na Europa Affaires DSK: La contre-enquête (Os casos DSK: a investigação paralela). A obra é uma apologia à inocência de Strauss-Kahn, na qual Taubmann defende a tese de que uma armadilha política foi meticulosamente preparada para arrasar a imagem do maior dos "elefantes" do Partido Socialista, como são chamados os líderes do partido.
O autor toma o cuidado de não acusar o partido governista União por um Movimento Popular (UMP) ou o atual presidente, Nicolas Sarkozy, de serem os supostos autores da armação. Mas não exclui a possibilidade.
A diferença da obra de Taubmann são os trechos de entrevistas feitas com o próprio Strauss-Kahn após sua libertação nos EUA. Nesses encontros, DSK afirma ter mantido uma relação sexual "estúpida, mas consentida" com a camareira Nafissatou Diallo, funcionária da rede francesa Sofitel.
O ex-diretor do FMI diz ainda que até a eclosão do escândalo mantinha "uma vida sexual livre", mas sempre dentro dos limites da lei. "Não fiz nada de ilegal", reitera em determinado ponto, negando usar os serviços de uma rede de prostituição descoberta no Hotel Hilton, em Lille - caso pelo qual também está sendo investigado.
O livro de Taubmann é tão parcial que ouve DSK, mas não se dá ao trabalho de fazer o mesmo com a camareira. Em entrevista ao jornal 20 Minutes, o autor justifica a lacuna afirmando que "ela não teria dito grande coisa além da versão que já deu". "O interesse de meu livro reside na investigação que fiz, que traz elementos inéditos", argumenta.
Mas os elementos nem são tão inéditos assim. O livro de Taubmann foi antecedido de uma reportagem publicada há 10 dias pelo jornalista americano Edward Epstein na revista The New York Review of Books e no jornal Financial Times. Sem meias palavras, Epstein retoma a tese de um suposto complô político armado pela UMP.

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