domingo, 4 de dezembro de 2011

Greenpeace: pré-sal colocará o Brasil entre os grandes poluidores

ONG diz que emissões triplicarão em oito anos; Petrobras nega que haja estudo conclusivo


— Estamos ganhando um cartão de milhagem de um grande emissor e não de um viajando feliz — ironiza Sérgio Leitão, diretor de Campanha do Greenpeace, avaliando que o país estaria abrindo um "atalho errado", já que a previsão é o pré-sal ser responsável por 54% da produção nacional em 2020. — A exploração do pré-sal vai destampar uma enorme reserva de carbono. Uma verdadeira bomba.

Gases do efeito estufa podem aumentar 197%
Pelos cálculos do Greenpeace — autor do levantamento "O carbono do petróleo é nosso" — o pré-sal vai aumentar as emissões em 197% nos próximos oito anos. Esse volume, incluindo a produção, a queima, a logística e o refino, vai neutralizar o ganho conquistado, com esforço do próprio governo, de reduzir o desmatamento, considerado hoje o maior telhado de vidro do Brasil nas negociações internacionais de clima.
Os últimos dados comprovam a tendência declinante do desmatamento. O Sistema de Alerta do Desmatamento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou redução de 33% em relação a 2010.
— É como se estivéssemos melhorando em português e piorando em matemática — compara Leitão.
Ao entrar para o clube dos grandes poluidores, o Brasil estaria ascendendo três casas no ranking dos países emissores. Pesquisa divulgada na última sexta-feira durante a 17 Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-17), que está ocorrendo em Durban, na África do Sul, o Brasil ocupa hoje a sexta posição. Os primeiros colocados são China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão, seguidos do Brasil, Alemanha, Canadá, México e Irã. Juntos, os cinco primeiros são responsáveis por metade das emissões de gases de efeito estufa. As emissões do Brasil estão na ordem de 2,4 bilhões de toneladas de CO2.
Amanhã, o Greenpeace se reúne com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. Representantes da entidade vão discutir a necessidade de se decretar uma moratória da exploração de petróleo nos arredores do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no Sul da Bahia. E aproveitam para entregar o estudo sobre as emissões de gases da indústria do petróleo.
OGLOBO
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