Em
2011, o governo federal deixou de investir R$ 1,04 bilhão no Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que desde 2007
pretende enfrentar a criminalidade e a violência. No total, cerca de R$
2,1 bilhões estavam programados para serem gastos no ano passado, porém
apenas 50,5%, equivalente a R$ 1,1 bilhão, foram desembolsados. Os
valores contrariam a promessa de ampliar a colaboração com estados e
municípios nessa área, feita pela presidente Dilma Rousseff durante a
campanha eleitoral de 2010.
O Pronasci já está
presente em 150 municípios, de 22 estados, e no Distrito Federal. O
objetivo é diminuir os índices de violência, principalmente nas regiões
metropolitanas e cidades com altos índices de criminalidade. O programa
possui diversas ações sociais preventivas, além de qualificar
profissionais de segurança pública.
Com
o “corte”, alguns programas nem começaram – como a construção de postos
de polícia comunitária, que sequer empenhou algum centavo dos R$ 350
milhões previstos. A rubrica pretendia descentralizar a base operacional
de policiamento para que policiais e equipamentos fiquem mais próximos
das comunidades. O intuito era estabelecer um ambiente seguro que
permitisse a atuação dos demais serviços públicos, como assistência
social, saúde, educação e cultura.
Outro programa que ficou
parado foi o de modernização de estabelecimentos penais. A rubrica
deveria ter recebido R$ 20 milhões, mas não nenhum centavo foi
desembolsado. O objetivo era implementar ações de modernização do
sistema penitenciário a fim de garantir o tratamento adequado aos
apenados.
Na contramão do baixo
investimento, ficou o programa “Bolsa Formação”, que desembolsou R$
572,5 milhões, dos R$ 622,1 milhões previstos para 2011. A rubrica paga
auxílio aos policiais e outros profissionais de segurança matriculados
em cursos de qualificação. O governo nunca gastou menos que 86% do
autorizado para esse fim. O Bolsa Formação responde por mais da metade
do valor aplicado no Pronasci.
Veja aqui a tabela de gastos do Pronasci
Procurado pela reportagem
do jornal O Globo, que utilizou os dados do Contas Abertas, o
Ministério da Justiça informou, em nota, que, considerando o ajuste
fiscal anunciado no início de 2011, o limite orçamentário do Pronasci
era, na prática, de R$775 milhões, sendo que, desse total, R$771 milhões
foram executados.
O ministério explicou
ainda que a Política Nacional de Segurança Pública, que inclui o
Pronasci, está em fase de aprimoramento da gestão. Um dos objetivos
seria a criação de mais mecanismos para avaliá-la que não só a execução
orçamentária. Um anteprojeto de lei enviado ao Congresso Nacional prevê a
criação do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública,
Prisionais e sobre Drogas (Sinesp).
"O sistema vai suprir a
ausência de um mecanismo oficial de estatística capaz de compilar e
fornecer dados e informações precisos sobre a situação da Segurança
Pública no país. Os estados irão assinar pactuação com a União e, se não
fornecerem dados, terão suspensos os repasses de verbas federais", diz
trecho da nota do Ministério da Justiça.
Irregularidades
Em julho do ano passado, o
Tribunal de Contas da União identificou algumas falhas nos convênios do
Pronasci em Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Pernambuco,
Rio de Janeiro e Rio grande do Sul. Entre as falhas estão a fragilidade
na fiscalização dos convênios, e a inexistência de critérios de
inclusão. Na época, o Ministério da Justiça afirmou que iria corrigir os
problemas.
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Governo deixa de investir R$ 1,04 bilhão em segurança pública
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