“Estamos deixando morrer a Marinha”, diz o ministro, à página do mencionado relatório. “A Esquadra agoniza pela idade e perdido com ela o hábito das viagens, substituído pela vida parasitária e burocrática nos portos, morrem todas as tradições, agoniza a disciplina, desaparece o panache profissional dos velhos tempos.
O pessoal se burocratiza e cria hábitos e interesses meramente civis. (…)
Estamos na encruzilhada: ou fazemos renascer o Poder Naval sob bases permanentes e voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa fraqueza provocadora, a nossa ingênua pretensão de manter brasileiros mais de oito milhões de quilômetros quadrados de solo, diante de um mundo sequioso e convicto do valor exclusivo da competência e da coragem.
Não procede o argumento da impossibilidade material de criarmos uma força naval que se imponha. O fato de manter nossa força nas águas territoriais, junto dos seus recursos, multiplica-lhe a importância, exigindo do atacante muito maior superioridade material para conseguir vantagens que lhe são roubadas pela distância a que deve agir de suas próprias bases.”
E prossegue: “Estamos completamente desaparelhados, já não diremos para ações bélicas que possam por ventura se impor, mas até para retribuir as simples visitas de cortesia de nações amigas! A nossa Esquadra de mais de 20 anos chegou há muito ao limite máximo de sua vida eficiente. A continuarmos nessa orientação, começaremos agora a dar o espetáculo dos desastres em alto-mar, pela extrema usura do material.”
FONTE: Relatório do Ministro da Marinha Protógenes, de 1932 – História Naval Brasileira
wwwcamacarimagazine.blogspot.com