terça-feira, 25 de outubro de 2011

Morte aos imigrantes


Cain em outubro de 2011


O homem da foto pode ser o próximo presidente dos Estados Unidos. Ele é Herman Cain, que passou de desconhecido azarão a candidato sensação dos republicanos nesse período de debates entre os que postulam o direito à indicação do partido para enfrentar Barack Obama no pleito de novembro do ano que vem.
É verdade que os muitos pretendentes republicanos estão em processo de autofagia, cada um que cresce nas pesquisas vira alvo dos demais. E assim já tivemos pelo menos uns três que chegaram ao topo, tornaram-se favoritos,  mas foram abatidos pela artilharia dos seus pares.
Mas o nosso personagem de hoje, Herman Cain, afro-americano como Obama, estava no grupo dos figurantes, praticamente zero  chance.  Eis que,  de repente, o homem inventou um plano de governo baseado nos números 9-9-9, que nem ele sabe explicar direito, e isso provocou a curiosidade da mídia que lhe abriu generosos espaços.
Dai em diante, Cain subiu feito um foguete nas pesquisas e agora disputa cabeça com cabeça a preferência dos eleitores republicanos e é o único que vence Obama, por 43 a 41%, em simulações do presidente com os demais postulantes republicanos.
Mas há um detalhe a ser levado em conta.  Essas pesquisas foram feitas nos dias 14 e 15 de outubro. De lá para cá,  Cain andou metendo os pés pelas mãos e agora corre o risco de despencar.  Há candidatos que, quanto mais aparecem na mídia,  maior o risco de mostrar sua incapacidade para ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos.
Foi o que aconteceu no último domingo, durante entrevista na TV.  Perguntado sobre a questão migatória, Herman Cain disse que seu plano era aumentar a altura do muro que separa a fronteira EUA-México e equipá-lo com uma cerca eletrificada mortal, para acabar com a imigração ilegal naquela área.
Uma declaração no mínimo grosseira e ofensiva à imensa comunidade latina, sobretudo mexicana, que vive e vota nos EUA. Pode ser que pelo teor racista e nazistóide de seu projeto, Cain consiga arrebanhar votos entre os mais conservadores, mas  com certeza perdeu os votos dos hispânicos, cerca de 15% do eleitorado. Indocumentados não votam, sabe-se, mas seus parentes e amigos, sim.
Certamente admoestado por seus assesores, Cain rapidamente saiu em campo para tentar apagar o incêndio causado pela declaração de péssimo gosto. E numa entrevista à CNN, garantiu que a história da cerca letal não passou de uma brincadeira e prometeu que vai ser mais cuidadoso ao escolher suas palavras daqui por diante.
“Não aprendi a ser politicamente correto”, disse ele a John King, da CNN.
Enquanto os republicanos se desgastam em debates e declarações que visam a derrubada do adversário que está dentro da mesmo casa, Obama assiste de camarote. E apesar da recessão e do desemprego, ele está nas ruas disputando a simpatia do eleitor.
Nesta segunda, em evento público na Carolina do Norte, a multidão em coro pedia sua reeleição.   Como bom politico, Obama tirou partido da situação. Levantando os braços, como se estivesse pedindo calma aos presentes, ele aproveitou a situação para fazer aquela média que deixa qualquer eleitor feliz:
“Olha aqui, pessoal, eu apreciaria permanecer mais quatro anos na presidência, mas minha preocupação neste momento é com os treze meses que ainda tenho pela frente”.
Por Eliakim Araújo

wwwcamacarimagazine.blogspot.com

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