segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Brasil, a Casa da Mãe Joana



Eis que “Tio Sam” consegue a tão almejada meta de manter um efetivo do seu exército no território brasileiro para, sob a capa de um acerto, mais do que suspeito com a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEFASF), assumir a consultoria pertinente ao desenvolvimento da hidrovia do Rio São Francisco, a ser entregue, sem nenhuma consulta ao povo brasileiro, de mão beijada, ao Corpo de Engenharia do Exército Americano.

Em seu pronunciamento, o Tenente-Brigadeiro Douglas Fraser, oficial-general, lotado no Comando Sul das Forças Armada dos EUA, sem maiores delongas, já se manifestou, é de pasmar, como verdadeiro “dono da cocada preta“, falando da importância do trabalho conjunto com a CODEFASF: -“É um privilégio vir ao Brasil para conhecer melhor esse projeto. Esperamos que haja um fortalecimento dessa parceria com novas ações a partir dessa cooperação com a CODEFASF.

Que tremenda autoconfiança. Parece que estou vendo o militar americano dizer: -” esses cucarachos engolem qualquer coisa... quem sabe até um “mensalãozinho” e eles permitam que nosso aquartelamento seja erigido justo ao lado das hidrelétricas de Paulo Afonso ou de Sobradinho.

É de se perguntar agora: onde estão os “nacionalistas” do PT, da CUT, da UNE, das esquerdas brasileiras, enfim, daquele “timinho do Foro de São Paulo” que se esgoela vociferando sempre contra o “imperialismo yankee”? Onde estão os “carapintadas”, os estudantes, as associações de classe? Enfim, as Forças Armadas não vão se manifestar sobre esta entrega de soberania?

Afinal de contas, o fato subliminar e ameaçador já ultrapassou em muito a idiossincrasia da Comissão da “Verdade”, de mão única para a investigação dos excessos na guerra revolucionária dos anos 60/70. Que não se duvide, não se trata mais agora de abaixar a crista para a OEA quanto à determinação de um monumento a ser erigido na Academia Militar das Agulhas Negras.

Por fim chegou a hora da verdade: será que vamos admitir que uma tropa estrangeira se estabeleça em território nacional para “dar pitaco” em obras que a arma de engenharia do nosso Exército já deu provas cabais de competência e probidade no uso de recursos provenientes do orçamento da união?

Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior na Reserva. Artigo original, sem cortes.

wwwcamacarimagazine.blogspot.com

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