quinta-feira, 15 de novembro de 2012

AXÉ: PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA BRASILEIRA

 

Hoje, 15 de novembro de 2012, a República brasileira completa 123 anos. É um curto tempo histórico, contudo, o regime já foi considerado "velho" e em seu lugar foi anunciado o "Estado Novo" de Getúlio de Vargas, interrompido por seu suicídio, depois reinstaurada como "nova República" pela aventura de Tancredo Neves, não consumada pela sua morte, com duas ditaduras no meio.

Registro do comunicado oficial a Dom Pedro II da proclamação da República
O movimento pela República foi eminentemente militar e havia muitas restrições da elite aristocrática da época, que já havia sido derrotada pelos Abolicionistas. O Barão de Cotegipe, escravocrata que é nome de rua, SALVADOR, disse à princesa Izabel "Sua Majestade alforriou uma raça e perdeu o trono".Veja o que pensava à respeito da República, o escritor Eça de Queiroz:

"O que foi o Império estará fracionado em Repúblicas independentes de maior ou menor importância. Impelem a esse resultado a divisão histórica das províncias, as rivalidades que entre elas existem, a diversidade do clima, do caráter e dos interesses, e a força das ambições locais. [...] Por outro lado, há absoluta impossibilidade de que São Paulo, a Bahia, o Pará queiram ficar sob a autoridade do general fulano ou do bacharel sicrano, presidente, com uma corte presidencial no Rio de Janeiro [...] Os Deodoros da Fonseca vão-se reproduzir por todas as províncias. [...] Cada Estado, abandonado a si desenvolverá uma história própria, sob uma bandeira própria, segundo o seu clima, a especialidade da sua zona agrícola, os seus interesses, os seus homens, a sua educação e a sua imigração. Uns prosperarão, outros deperecerão. Haverá talvez Chiles ricos e haverá certamente Nicaráguas grotescas. A América do Sul ficará toda coberta com os cacos de um grande Império".

A profecia de Eça, felizmente, não se confirmou, conforme deduz o sociólogo Gilberto Freyre:

"Profecia que de modo algum se realizou. E não se realizou por lhe ter faltado quase de todo consistência sociológica; ou ter se baseado apenas numa estreita parassociologia, quando muito, política; e esta quase inteiramente lógica. Lógica e de gabinete: nem sequer intuitiva no seu arrojo profético [...] O 'coração íntimo' dos brasileiros da época que se seguiu à proclamação da República, se examinado de perto [...] haveria de mostrar-lhe que existia entre a gente do Brasil, do Norte ao Sul do país, uma unidade nacional já tão forte, quanto às crenças, aos costumes, aos sentimentos, aos jogos, aos brinquedos dessa mesma gente, quase toda ela de formação patriarcal, católica e ibérica nas predominâncias dos seus característicos, que não seria com a simples e superficial mudança de regime político, que aquele conjunto de valores e de constantes de repente se desmancharia!"

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