Segundo levantamento do Contas Abertas, entre 2001 e 2012, a União (Executivo, Legislativo e Judiciário) desembolsou pelo menos R$ 1,8 bilhão com satélites. Os valores anuais cresceram significativamente no período: passando de R$ 48,6 milhões em 2001 para R$ 163 milhões em 2011. Neste exercício, R$ 110,1 milhões já foram aplicados em satélites. Atualmente, a maioria dos recursos está sob coordenação da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Em valores, o maior projeto do período foi o de participação brasileira no desenvolvimento do satélite sino-brasileiro, Projeto CBERS, para o qual foram aplicados R$ 730,1 milhões desde 2001. O programa CBERS teve início na segunda metade dos anos 80 e já colocou em órbita os satélites CBERS-1 (1999), CBERS-2 (2003) e CBERS-2B (2007).
Outros dois (CBERS-3 e CBERS-4) estão em fase final de desenvolvimento, sendo que o CBERS-3 tem lançamento marcado para o final de 2012, seguido pelo CBERS-4, dois anos depois.
Segundo Petrônio Noronha de Souza, diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, o programa CBERS permitiu que o Brasil se estabelecesse em definitivo como provedor regular de imagens de sensoriamento remoto de média resolução de nosso território.
“Esta maturidade foi alcançada sem que o Brasil dominasse por completo todas as tecnologias requeridas para desenvolver um satélite. Isto graças à parceria firmada com a China, que para os três primeiros satélites contribui com 70% do artefato, mais os lançamentos. Para os CEBERS-3 e 4 a contribuição brasileira subiu para 50%, permanecendo ainda com a China a tarefa de lançá-los”, explica.
Para complementar as missões do CBERS, surgiu a necessidade do desenvolvimento do satélite Amazônia-1, para o qual já foram desembolsados R$ 147,1 milhões. O programa baseia-se no desenvolvimento de plataforma de uso geral destinada a satélites de porte médio (até 500-600 kg), denominada Plataforma-Multimissão (PMM).
Após aproximadamente uma década de investimentos, o satélite Amazônia-1 está em fase de qualificação de equipamentos e subsistemas e tem lançamento previsto para 2015.
Para Noronha de Souza, os dois programas cumprem papeis fundamentais para o Programa Espacial Brasileiro. “Estão voltados para aplicações de interesse direto da sociedade brasileira; ampliam a autonomia tecnológica nacional; envolvem a indústria espacial brasileira e, finalmente, alçam o Brasil a condição de protagonista nos fóruns internacionais que orientam as atividades espaciais de natureza civil”, afirma.
Registros da AEB indicam que, nas últimas três décadas, os investimentos governamentais no programa espacial brasileiro atingiram montante global da ordem de R$ 6,2 bilhões. Desse total, aproximadamente 40% foram destinados para o desenvolvimento de satélites e da infraestrutura associada, 28% para veículos lançadores e respectiva infraestrutura associada e 25% para os centros de lançamento.
Os investimentos restantes (7%) foram decorrentes, em grande parte, da participação brasileira no projeto da Estação Espacial Internacional (ISS) e de outras ações no campo da pesquisa e desenvolvimento e de capacitação de especialistas para o programa espacial.
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quarta-feira, 7 de novembro de 2012
União gastou pelo menos R$ 1,8 bilhão com satélites nos últimos 12 anos
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