quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O julgamento do Mensalão não deve nos iludir, diz Jorge Hage

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou que o julgamento do Mensalão não deve iludir exageradamente quanto aos processos jurídicos no Brasil. “A ação penal 470 é apenas uma entre muitas ações importantes que tramitam e tramitarão por muitos anos no Judiciário brasileiro. A lentidão dos julgamentos é entrave terrível para o combate à corrupção”, afirmou Hage.
Jorge Hage afirmou ainda que o Brasil está entre os países com o pior sistema processual do mundo, pois permite inúmeras possibilidades de recursos. “Levamos sete anos para julgar o Mensalão e é considerado recorde. A comunidade internacional não acredita quando contamos isso”, conclui.
Apesar disso, o ministro-chefe da CGU afirmou que o Poder Judiciário demonstrou independência e inovou nos parâmetros utilizados no caso. “Os critérios usados nesse julgamento não possuem precedência. O impacto e o efeito em termos de repercussão são importantíssimos, não há dúvidas”, ressalta.
As declarações foram dadas na abertura da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC), que ocorre até sábado (10), em Brasília. A presidente Dilma Rousseff também participou do evento e ressaltou a importância dos mecanismos de transparência do governo.
"Queria destacar a recente aprovação da Lei de Acesso à Informação que acreditamos ser uma das mais avançadas do mundo porque sujeita todos os entes ao amplo acesso aos dados da gestão, dos gastos, dos históricos”, disse a presidente.
Além disso, a presidente defendeu aumento da regulação e transparência das transações financeiras internacionais. Segundo ela, sem o devido controle, esses fluxos estão sujeitos a manipulações com risco para os empregos dos que vivem nos países mais pobres.
Dilma disse ainda que o discurso anticorrupção deve valorizar a ética e o conflito democrático. “Essa luta não pode ser confundida com o discurso antipolítica ou antiestado que serve a poucos interesses. Deve, ao contrário, valorizar a ética e o conflito democrático, deve conhecer o papel do Estado. O Estado é destinatário privilegiado das mobilizações por transparência”, disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário