segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma começa a pensar em ministros para seu Governo

Publicada em 01/11/2010 às 07h37m
Gerson Camarotti
  • BRASÍLIA - Em comum acordo com o presidente Lula, a presidente eleita, Dilma Rousseff, deverá confirmar o primeiro nome de sua futura equipe do primeiro escalão antes da posse: o atual do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é o nome mais forte para a chefia da Casa Civil. Internamente, Lula já confidenciou que ele seria a melhor opção para ser o "Dilmo da Dilma". Para facilitar a transição, o presidente pode nomeá-lo antes da posse, em janeiro, se Dilma preferir. ( Fotogaleria: Os nomes cotados para o governo Dilma )
Segundo interlocutores do presidente, o nome de Paulo Bernardo não enfrenta resistência porque ele não tem um projeto pessoal de poder, que poderia ofuscar a gestão de Dilma. No Palácio do Planalto, foi lembrado que, no máximo, ele poderia consolidar, na chefia da Casa Civil, um projeto regional no Paraná. Jamais usaria a pasta para se fortalecer nacionalmente. Diferentemente de José Dirceu, no primeiro mandato de Lula.
Com projeto pessoal de suceder ao presidente, Dirceu tentou rivalizar no poder com Lula. Dentro desse mesmo raciocínio, o nome do deputado Antonio Palocci (PT-SP) está praticamente descartado para ocupar uma função de destaque dentro do Palácio do Planalto - o que não o elimina da lista de ministeriáveis. Lula já disse que gostaria de vê-lo no Ministério da Saúde. Outra opção é a presidência da Petrobras.
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( Leia a íntegra do discurso de Dilma Rousseff )
Gilberto Carvalho deve ficar
Outro nome que ganhou força é o do deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), um dos três principais coordenadores da campanha de Dilma, ao lado de Palocci e do presidente do PT, José Eduardo Dutra. É o mais cotado para assumir o Ministério da Justiça.
O presidente Lula também quer deixar no Planalto seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho. O mais fiel assessor de Lula pode assumir a Secretaria Geral da Presidência. Lula teria em Gilberto, nesse posto, a garantia da continuidade da ligação estreita do governo com os movimentos sociais.
Antes do início da campanha, Lula já tinha escalado dois ministros de sua confiança para ficarem próximos de Dilma, com chances de permanecerem no governo. Além de Paulo Bernardo, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que até tirou férias no segundo turno para se dedicar integralmente à campanha, pode continuar, não necessariamente no mesmo cargo.
Mercadante pode ter ministério
Primeira baixa sofrida por Dilma no rastro dos escândalos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel - apontado por trazer para a campanha os integrantes do núcleo de inteligência envolvidos com o tal dossiê contra tucanos - também deverá ter lugar no governo. Antes da denúncia, Pimentel era o nome mais forte para cuidar da coordenação política. Ele deverá ficar com uma pasta técnica, como o Ministério das Cidades.
Dilma ainda deve compensar petistas derrotados nas eleições estaduais, como o senador Aloizio Mercadante, que perdeu a disputa pelo governo de São Paulo para Geraldo Alckmin (PSDB). Seu mandato acaba em janeiro e ele pode ficar com o Planejamento.
A divisão do poder deverá ser difícil com o PMDB do vice Michel Temer. Os peemedebistas defendem a divisão da articulação política do governo, com um papel de destaque para Temer. O partido deseja que o vice acumule a coordenação política, como interlocutor dos aliados.
Do PMDB, Dilma não esconde a sua preferência pelo retorno do senador Edison Lobão (MA) para o Ministério de Minas e Energia. Aliado do presidente do Senado, José Sarney, Lobão tem a confiança de Dilma. Outro nome dado como certo para permanecer é o do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afilhado de Temer. Já o atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não conta com o apoio do partido para ficar no cargo.
Entre os que trabalham para permanecer no cargo, tem chance o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Lula já sinalizou para Dilma que essa seria uma opção sem risco, pelo menos para uma fase inicial do governo. Mas, se Dilma quiser mudanças já, o nome mais forte no momento é o do embaixador Antonio Patriota, atual número dois do Itamaraty.
Nas últimas semanas, outro que também começou a se articular nos bastidores para continuar no posto foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas, na área econômica, dois técnicos têm grande influência junto à Dilma: o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, nome citado para assumir o Ministério da Fazenda; e o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, uma opção para o comando do Banco Central.
Para a cobiçada Petrobras, Dilma já sinalizou que deseja pôr no comando da estatal a atual diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster. Como ela considera que a Petrobras terá papel estratégico no seu governo, quer ter o controle da estatal.
O atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, deverá assumir uma secretaria importante no segundo mandato do governador Jaques Wagner (PT-BA), para se credenciar na sucessão baiana de 2014. Ou ficar em Brasília por mais dois anos, para ter maior visibilidade política.
Outro técnico de confiança de Dilma atingido durante a campanha foi o diretor de Engenharia e Planejamento da Eletrobrás, Valter Cardeal. Ele assumiu interinamente a presidência da estatal no governo Lula, por indicação da própria Dilma, e ela pretendia tê-lo nessa função no seu governo. Mas depois das denúncias de irregularidades em contratos e tráfico de influência por parte de um irmão que atua no setor, Cardeal deverá ter uma posição mais discreta neste primeiro momento do governo petista.

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