ANA CAROLINA MORENO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Os ex-soldados da Anese (Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados) continuam na Praça dos Três Poderes nesta sexta-feira, no quinto dia consecutivo do protesto pela reintegração de cerca de 13 mil membros da categoria que foram demitidos pela Aeronáutica.
Apesar de pequeno, o grupo de cerca de 20 pessoas tem perturbado a vida da presidente Dilma Rousseff e causou tanto incômodo que até atiradores de elite foram chamados para proteger a chefe de governo.
Manifestantes da Praça dos Três Poderes são levados para delegacia
Pelo segundo dia, Dilma evita Planalto e despacha no Alvorada
Alan Marques - 27.abr.2011/Folhapress |
Ex-militares da Aeronáutica começou na segunda-feira (25) |
O ex-soldado Anderson Portela de Souza, 33, participa do protesto desde o primeiro dia e afirmou que o grupo não vai se retirar do gramado em frente ao Palácio do Planalto e que integrantes da Anese, que vivem em Anápolis (GO), devem engrossar o movimento a partir de segunda-feira.
"Continuamos protestando até sermos atendidos pela presidente e termos nossos direitos de volta", disse o ex-soldado à Folha.
De acordo com Portela, o protesto foi marcado para esta semana porque nesta hoje a Anese teria uma audiência com a AGU (Advocacia-Geral da União), agendada há cerca de um mês, para discutir a anulação do decreto usado como justificativa para a demissão dos funcionários concursados da Aeronáutica. Temendo que o parecer da AGU fosse desfavorável à causa dos ex-soldados, o grupo decidiu rechaçar a reunião e buscar um encontro diretamente com Dilma.
PROTESTO RUIDOSO
Munidos de vuvuzelas, fogos de artifícios, faixas gigantescas e até caixões fúnebres em tamanho real, os manifestantes conseguiram chamar a atenção dos funcionários do Planalto na terça-feira (26), quando o barulho das buzinas conseguiu abafar o discurso do ministro Guido Mantega (Fazenda) na reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
Na ocasião, a presidente pediu que seus assessores interrompensem o ruído e decidiu fazer seus despachos internos no Palácio da Alvorada.
Na quarta-feira (27), a Praça dos Três Poderes amanheceu com três ex-soldados no topo do mastro da bandeira do Brasil, que tem aproximadamente cem metros de altura. Eles passaram 13 horas no local, onde penduraram uma faixa criticando as leis militares, e desceram após uma negociação capitaneada pela Polícia Militar.
Além da faixa, os três manifestantes carregavam um galão com capacidade para três litros -- o que levantou a suspeita de que eles pretendiam queimar a bandeira do Brasil, como aconteceu no mês de abril.
"Nós não estávamos com três litros de gasolina como foi dito, e sim um galão para urinar. Subimos com a preocupação de não danificar o patrimônio. Não somos arruaceiros", explicou Portela.
DELEGACIA
Por causa da ameaça, o Corpo de Bombeiros foi mobilizado e a Polícia Militar colocou os atiradores de elite no teto do Palácio do Planalto para acompanhar a negociação. Segundo a assessoria da PM, esse é um procedimento padrão em gerenciamento de crise porque a vida dos manifestantes estaria em risco.
Os três ex-soldados foram levados ao setor policial sul, em Brasília, onde se apresentaram a um juiz na noite de quarta-feira para responder à acusação de quatro atos ilícitos imputados a eles pela Polícia Civil: desobediência civil, poluição sonora, desfiguração do símbolo nacional e danificação do patrimônio.
Durante a audiência, que durou cerca de 15 minutos, segundo Portela, o juiz descaracterizou todas as denúncias e liberou o manifestantes.
Eles retornaram à Praça dos Três Poderes na manhã seguinte decididos a ficar. Porém, desde então, o ruído dos protestos diminuiu. "Nos mostraram um documento referente à lei ambiental, e vimos que o barulho das vuvuzelas ultrapassa o nível limite de decibeis", justificou Portela. "Por isso estamos usando mais o megafone. A polícia está acompanhando. Está tudo pacífico", garantiu.
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