sexta-feira, 29 de abril de 2011

Querem dividir comigo um deputado baiano em postas, ao molho de dendê e muita pimenta? Sirvam-se.

 

O deputado federal baiano Valmir Assunção (PT) está em busca de notoriedade. Aprendeu, vejam a minha imodéstia, que me atacar é uma maneira de se popularizar. Os que me detestam passam a achá-lo corajoso — como se eu representasse algum perigo —, e os que gostam de mim descobrem o seu lado humorístico.
Dei aqui aqui algumas pauladas no governador Jaques Wagner por conta da invasão da Secretaria de Agricultura da Bahia pelos sem-terra. O título do texto é este: “Quer comer carne todo dia, baiano pobre? Invada um prédio público! Sem cometer um crime, vai ser difícil! Quem ensina é Jaques Wagner”. Por quê? Porque o ilustre governador não só deixou de pedir a reintegração de posse do imóvel — eu chamo isso de “prevaricação” — como passou a alimentar os invasores com 600 quilos de carne por dia. É tanta comida que os patriotas do MST começaram a salgar a carne para não estragar. A VEJA também publicou uma ótima reportagem a respeito.
Pois bem! O tal Valmir ficou bravo. Fez um pronunciamento na Câmara atacando a revista e a mim, num tom mais ou menos furioso, e me enviou o que seria um “outro lado”, aí bem educadinho. Realizo parte de seus propósitos: confiro-lhe alguma notoriedade. Mas sem abrir mão, como sempre, de proceder ao esclarecimento.
Começarei o meu vermelho-e-azul com parte de seu pronunciamento na Câmara e, depois, respondo item por item a mensagem dirigida apenas a mim.  Divirtam-se.
PRONUNCIAMENTO NA CÂMARASegundo Valmir, o que a VEJA e eu não dizemos é que:
“muitas das famílias que estiveram acampadas na sede da Secretaria de Agricultura da Bahia lutam contra a poderosa multinacional Veracel que, além de não produzir alimentos, grilam (sic) terras públicas que deveriam estar a serviço da Reforma Agrária”.Ainda que fosse verdade, um crime não justificaria o outro. Abaixo, há o link para um texto que trata da questão. Não vou me perder nisso agora. Formidável é outra coisa. Valmir foi secretário do primeiro governo Jaques Wagner. Olhem, aos 49 anos, há coisas em mim que ainda não deram sinais de cansaço, e há outras que até melhoram — é o caso da memória. Em algum lugar, em algum momento, eu havia lido que a Veracel tinha contribuído com a campanha de Jaques Wagner ao governo do Estado. Pimba! Eu estava certo! A empresa, que o deputado Valmir acusa de grilagem de terras, doou R$ 100 mil a Wagner em 2006. Valmir acusa a mim e à VEJA de amigos do latifúndio. Sei! Eu nunca vi ninguém da Veracel mais gordo, mas a Veracel conhece Jaques Wagner desde quando ele era mais magro… A confirmação da empresa de que doou dinheiro a Wagner e suas explicações sobre a propriedade das fazendas estão aqui. Eu também me lembrava de uma foto… Achei!
lula-com-a-veracelLuiz Inácio Apedeuta da Silva, o chefe de Valmir, de Wagner e, no fim das contas, do MST, confraterniza-se com diretores da Veracel. Assim, deputado Valmir, dobre a sua língua. Se a Veracel é expressão do latifúndio e da grilagem — eu nem acho que seja —, quem anda de braços dados com a empresa são os petistas, não eu. Agora vamos ao texto, mais lhano, que Valmir gostaria de ver, e verá, publicado no blog.
Por Reinaldo Azevedo

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