domingo, 13 de maio de 2012

Quando os políticos viram zeladores

ESPAÇO DO LEITOR

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Desde 1992, o mundo inteiro tem passado por um processo de esvaziamento das lideranças políticas, com os eleitores, basicamente, selecionando gerentes para as coletividades. Por Marcus Vinícius de Freitas*

Quando James Carville, assessor de campanha de Bill Clinton em 1992, cunhou a frase “It is the economy, stupid!” (“É a economia, estúpido”) como mote de campanha, ele, de fato, eliminou da política uma coisa muito importante: a habilidade de o agente político criar ideais, implementar ideologias e fazer as pessoas sonharem. Quando a política se transforma em questões adstritas à economia, somente, perde-se o sentido coletivo de atingir objetivos ainda maiores. Desde 1992, o mundo inteiro tem passado por um processo de esvaziamento das lideranças políticas, com os eleitores, basicamente, selecionando gerentes para as coletividades.
O problema é que gerentes políticos – no caso brasileiro, mais para zeladores – não são capazes de grandes realizações, inspirar ou mesmo construir novas e melhores realidades para suas comunidades. Acrescente-se a isso a falta de ideais e temos aí um quadro constante de eleição de pessoas comuns realizando somente coisas ordinárias, cada vez mais sujeitos à corrupção que ainda permeia a atividade pública por não terem ideais.
O Brasil enfrenta um triste quadro de extrema falta de liderança. Pior do que isso, as ideologias sumiram. Os partidos políticos são adesistas; querem fazer parte do governo a qualquer custo. Alguns até dizem que o próprio partido não tem ideologia. Observamos estarrecidos a parcerias estapafúrdias por uma suposta governabilidade, nos três níveis de poder: municipal, estadual e federal. Em nenhuma delas, surgem quadros capazes de restaurar uma perspectiva positiva quanto ao futuro. Como resultado, tudo é feito para o curto e médio prazo. Tapamos buracos, ao invés de criarmos estradas. Pensamos pequeno e não criamos sonhos. Condenamos o futuro à mediocridade.
Como resolver isso? Somente com o retorno da ideologia à política. O multipartidarismo brasileiro, que leva a governos de coalisão – apoiada pelos mais estranhos partidos – é a receita clássica da perda de ideais, do fisiologismo e da corrupção. O voto distrital puro seria, certamente, uma via para resolver isto, com o redesenho do pacto federativo e o efetivo desaparecimento desta multiplicidade de partidos que, de fato, sob o manto de uma diversidade democrática, somente serve a interesses dos supostos “donos dos partidos”, a quem, de fato, o discurso ideológico mais apurado levaria ao seu próprio desaparecimento.
Onde está a direita e a esquerda brasileira? Onde estão as perspectivas quanto ao futuro do país? É hora de recuperarmos o purismo ideológico. Chega de políticos zeladores. Quem aceita o desafio?

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